Delegado Mattos em coletiva de imprensa na segunda-feria 22/08 - foto Cleriton Freire |
A Polícia Civil de Caçador descobriu um esquema
criminoso aplicado dentro das Câmaras de Caçador e Calmon, entre os anos de
2006 e 2010, envolvendo servidores e vereadores. De acordo com o delegado Eduardo
Mattos, que coordena as investigações, existem fortes indícios de que os
agentes se beneficiavam de viagens e diárias para ir em outras cidades
participar de cursos que sequer existiam.
A operação que foi deflagrada na segunda-feira (22/08), apreendeu nas
duas Câmaras computadores e documentos para comprovar os ilícitos. Em Caçador
onze servidores da época serão indiciados pelos golpes, e em Calmon, 6. Os nomes
não foram divulgados no momento. A investigação teve início há um mês, quando
chegou ao conhecimento da polícia esse esquema de enriquecimento.
Segundo o delegado, três empresas fraudulentas
pertencentes a um mesmo dono ofereciam cursos para várias Câmaras de Santa
Catarina e outros Estados. Mas os cursos seriam de fachada, não existiam, e
mesmo assim o dinheiro era pago pelos cofres públicos. Em contrapartida, os
vereadores e demais servidores, cientes da fraude, se beneficiavam das viagens
e diárias, também oriundos de recursos municipais.
“Foi constatado que em algumas ocasiões o servidor
chegava até a cidade em questão, assinada a lista de presença e o certificado,
e saía para tomar um cafezinho e eram liberados. Ainda não está comprovado, mas
há indícios que alguns servidores sequer viajavam e o recurso era empenhado mesmo
assim”, comenta Mattos.
Ainda segundo o delegado, o dono dessas empresas foi
preso em 2015 pela DEIC, em Tijucas, onde foi constatado este esquema criminoso
aplicado em outras Câmaras. O suspeito teria confessado na época que todos os
cursos não existiam, e que o objetivo era apenas obter o dinheiro, e os
servidores, a diária.
Foi apurado ainda pela investigação que cada diária
local, na época, variava de R$ 500 a R$ 700. Ao todo, ficou provado que os
servidores de Caçador viajaram para participar de 15 “cursos” em cidades como
Curitiba, Florianópolis e Brasília naquela época. Os servidores de Calmon
teriam viajado para participar de pelo menos 10 “cursos”.
“Todos serão indiciados por peculato e falsidade
ideológica. Agora o material apreendido passará por análise e perícia, e
faremos a oitiva de testemunhas. O dono da empresa será novamente indiciado.
Pretendemos concluir o inquérito em até 30 dias”, acrescenta o delegado
Justificativa
O delegado Eduardo Mattos também justificou o uso de
mandados de busca e apreensão nas Câmaras, apesar de muitas informações serem
acessadas via portal da Transparência.
“A Câmara só presta informações ao Tribunal de Contas.
Portanto, as prestações de contas, as notas fiscais, certificados e a
comprovação de gastos em diárias ficam arquivados somente na Câmara, e só são
apresentados ao Tribunal quando há suspeita de fraude. Como é este o caso,
representamos pelo mandado de busca, até mesmo para que o material não fosse
descartado”, pondera.
Por
Cleriton Freire
Fonte:
Jornal Informe
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