Por Felipe Martins.
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Imagem de divulgação |
Em mais um vídeo que
começou a circular nas redes nesta quarta-feira, um torcedor brasileiro assedia
uma criança a repetir frases carregadas de machismo e misoginia. Na gravação, o
menino é constrangido a dizer: “Eu sou um v**do (palavra ofensivo a homossexuais),
Eu dou para o Neymar e “Eu sou um filho da p*”. (forma agressiva destinada a
ofender mulheres). O autor do vídeo, Lucas Marcelo Andrade, apagou a gravação
depois da imensa repercussão negativa que tomou conta da web. Ainda é possível
ver nas imagens uma outra criança exposta ao diálogo preconceituoso.
Depois de deletar o
vídeo, ele reclamou de outras pessoas que estão compartilhando a gravação. “Já
apaguei o vídeo e nêgo continua postando”. Em outros tuítes, ele reclama da
Rússia, “lugar sem sal”, e diz estar de volta para a Noruega. “Arrumar as malas
para voltar para a Noruega agora”. “Não aguento mais viajar de avião, p* que
pariu.
A nova postagem,
desta vez envolvendo uma criança, surge ainda no calor da revolta provocada
pelo comportamento de Diego Valença Jatobá, Luciano Gil Mendes Coelho, Felipe
Wilson e Eduardo Nunes. Eles assediam uma jovem russa a repetir frases de teor
sexual .
Homens
que aparecem em vídeo machista podem responder por crime na Rússia
Os brasileiros que
aparecem em vídeos machistas podem responder por crime ainda na Rússia, onde
foram gravadas as imagens. A jurista russa Alyona Popova fez uma denúncia e
escreveu petição contra os atos por violência e humilhação pública à honra e à
dignidade de outra pessoa.
Dessa forma, o
Ministério de Assuntos Interiores deve começar a investigar o caso de acordo
com a petição e com os relatos já publicados na imprensa. No vídeo, torcedores
brasileiros assediam uma russa e insistem para que ela repita palavrões sem ter
a menor ideia do que está dizendo.
Feminista
Na denúncia, Alyona,
que é ativista feminista e umas das maiores referências no país em defesa dos
direitos da mulher, cita a repercussão do caso entre imprensa, autoridades e
celebridades no Brasil. As punições para os ofensores, de acordo com ela, podem
variar de multa a restrições na Rússia.
“Na legislação
russa, existem várias opções de multa aplicadas às pessoas que humilharam
publicamente a honra e a dignidade. Assim, os cidadãos estrangeiros no vídeo
podem ser responsabilizados por cometer um delito nos termos da Parte 1 do art.
5.61 do Código de Ofensas Administrativas (insulto, isto é, honra e dignidade
de outra pessoa, expressa na forma indecente – implica a imposição de uma multa
administrativa aos cidadãos, no montante de mil a três mil rublos), ou
processado sob Parte 1 do art . 20.1 do Código Administrativo (vandalismo),
isto é, a violência da ordem pública, expressando desrespeito claro para a
sociedade, acompanhados por linguagem ofensiva em locais públicos, abuso sexual
ofensivo para os cidadãos”, diz a petição.
“E se comprovar que
os estrangeiros cometeram os atos destinados a incitar o ódio ou inimizade, bem
como a humilhação de uma pessoa ou grupo de pessoas em razão do sexo, raça,
nacionalidade, língua, origem, atitude à religião, bem como pertencentes a um
tanto o grupo social, publicamente ou usando a mídia, eles podem ser levados à
responsabilidade criminal”, completa ela.
OAB abre
investigação contra advogado
A seccional de
Pernambuco da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE) abriu investigação sobre a
conduta do advogado Diego Valença Jatobá em vídeo machista na Rússia. Ele é um
dos homens que assediam russas a repetir frases de teor sexual em português. O
advogado é também ex-secretário de Cultura, Turismo e Esportes de Ipojuca, município
do litoral do estado.
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Imagem de divulgação |
A denúncia contra
Jatobá foi encaminhada pela Comissão da Mulher Advogada ao Tribunal de Ética e
Disciplina da Ordem. A investigação pode levar a uma advertência o ou até a
cassação da carteira de advogado. Em nota, a OAB afirmou que “a preconceituosa
atitude é causa de vergonha para todos nós, brasileiros, e vai na contramão do
atual contexto de luta contra a desigualdade de gênero”.
“Está se verificando
se a conduta do advogado viola nosso Código de Ética e Disciplina na parte em
que proíbe que o advogado tenha uma conduta incompatível com a dignidade da
advocacia. O Tribunal verá se essa conduta por ter sido praticada no exterior
se é passível de ser punida em Pernambuco. O advogado está passível de uma
punição que pode ir desde uma simples advertência até a exclusão dos quadros da
OAB”, disse Ronnie Duarte, presidente da OAB de Pernambuco ao telejornal NE 2 .
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