Estranhamente a semana termina como se
não tivesse começado. Embora a greve dos caminhoneiros tenha sessado, existe um
ar de estranheza que circula por todos os lados. Foram mais de duas semanas de
reivindicações, de muita gente saindo para rua, de enfrentamentos, e também de
algumas atitudes incoerentes. Me senti estranha para escrever também, porque
muita coisa tem se misturado em nossa sociedade, grupos têm se criado e têm ido
para as ruas falar sobre tantas coisas e ao mesmo tempo, sobre nada.
Digo isso, porque muitas pautas são
vagas, quanto muito unificadas. Todos falam em acabar com a corrupção, mas na
primeira oportunidade, promovem atos corruptos, menores do que vemos no
congresso, mas, são corruptos. Não interessa o quanto se rouba, o quanto se é
corrupto, importa que se estamos exigindo o fim desta prática, não podemos ser
levianos praticando-a.
Me parece que o mês de março já nos
apresenta visíveis características de que muita coisa está por vir. Organizada
ou não, dia 15, a massa pelo Impeachment promovida pelos setores da direita,
sairão às ruas. Antes disso, no dia 13, trabalhadores\as explorados\as sairão às
ruas reivindicando a demarcação das terras indígenas, reforma agrária, e outras
pautas mais abrangentes e também específicas dos movimentos populares e
sindicatos envolvidos. Temos aí, duas realidades e que nos mostra dois
interesses muito distintos, sendo que, a falta desta leitura é perigosa.
Trago aqui uma preocupação também da
Jornalista Elaine Tavares ao falar sobre a dificuldade de distinguir o que é
direita e o que é esquerda. Historicamente e nos dias atuais é importante
esclarecermos que essas duas correntes jamais estiveram juntas, muito ao
contrário. De um lado, temos os empresários, os donos da imprensa conservadora
e todos os seus aliados, de outro, a classe trabalhadora explorada, que
sustenta essa elite, mas que luta pelos seus direitos, quer mudanças
significativas no sistema político, econômico e social brasileiro.
Porém, existe uma diferenciação, ser de
esquerda não é ser “do PT”, ser de esquerda é lutar contra tudo aquilo que fere
a dignidade humana, é não acreditar nos acordos e alianças feitos inclusive
pela presidenta Dilma Rousseff. É ter consciência de classe e dizer que, embora
votando nela no segundo turno, por não querer a substituição de um governo por
um velho plano da direita na presidência, temos nossas insatisfações e nos
fortalecemos em unidade para falar sobre isso, criticar e dizer, que sim,
acreditamos em algo muito diferente do que está ai.
Portanto, ser de esquerda significa que
nunca fechamos nossos olhos para a realidade e que permanecemos atentos. Se por
um lado criticamos a ação feita por muitas pessoas durante a greve dos
caminhoneiros, por outro também analisamos quem sempre esteve interessado nas
conquistas e benefícios da classe. E não são poucos os oportunistas e
interesseiros. Nossa região têm enfrentado um prejuízo imenso com a
paralização, principalmente os pequenos agricultores que não produzem em grande
escala, mas o pouco que recebem, sempre é bem vindo para ajudar a família.
Enquanto isso, os grandes produtores têm seu encosto nos sindicatos e bancos,
um sustenta o outro e por aí vai.
Ainda neste espaço, quero dizer que a
semana que vem está carregada de muita atividade. Movimentos, pastorais sociais
de toda a região, estado e país, encontram-se articulados para sua Jornada de
Luta, fortalecendo pautas concretas e movimentando-se nas ruas de nossos
municípios. Adianto isso, no mais, poderão acompanhar durante os próximos dias.
Com isso também, deixo meu apoio aos trabalhadores professores\as de Santa
Catarina, muitos dos quais foram chamados de “bagunceiros”. Digo, pois, que se
faça a “bagunça” então!!! Boa luta camaradas!
Por Claudia Weinman
Tomado da Coluna Oeste de Fato,
publicada Jornal Expresso d' Oeste de Palmitos\SC.
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