Estreou na noite do
dia (23/04) a campanha da Rede Globo para a Copa do Mundo. Com o tema “Somos um
só”, a emissora dá um show no que diz respeito a transformar o Brasil num país
de branco. Você até verá negros no vídeo, porém, são corpos constrangidos e quase
fora de enquadramento. Será que para a referida emissora a negritude brasileira
deve ser envergonhada e ficar fora da tela?
E o que temos na
campanha da Rede Globo se não a transformação do Brasil e do futebol em um país
e um esporte para brancos? E choca ainda mais quando pensamos no tema – “Somos
um só”. Talvez o lema da campanha funcione perfeitamente sob o prisma pelo qual
os programas televisivos funcionam: personagens brancos sempre em destaque e
personagens negros encerrados na subalternidade.
Na verdade, o vídeo
em questão traz, mais uma vez, o Brasil envergonhado, aquele que não se
reconhece na miscigenação e muito menos enquanto país latino-americano.
Copa e colonização...
Mas a linha editorial
do vídeo é coerente com os agentes envolvidos, não esqueçamos do veto da Fifa
ao “casal da Copa”, que seria Lázaro Ramos e Camila Pitanga, mas que foi
trocado pelos brasileiríssimos Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert. A emissora
poderia muito bem ter batido o pé, mas não, fez a troca para agradar o senhor Europa,
que não está acostumado com essa gente carnavalesca e de cores diferentes.
O advento da Copa
pode servir muito bem para fortalecer este debate a respeito da segunda
colonização, pela qual não apenas o Brasil passa, mas todos os países que já
foram colônia, seja na América Latina, seja na África. É preciso perguntar: por
que o vídeo da emissora, que será peça chefe durante toda a Copa, esconde os
corpos negros? Ora, é por que hoje a colonização não vem de fora, ela acontece
aqui, em nosso quintal, a partir de instrumentos de poder comandados por
aqueles que lambem a calçada de Wall Street e silenciam o caráter latino, afro
e indígena do Brasil.
Posto assim, fica
fácil de entender o mote da campanha – “Somos um só”: um povo branco, Americano
(nem do Sul, nem Latino), loiro, cabelo liso… Portanto, ficamos assim: no samba
e na Copa da Globo, todo mundo é branco! Essa reflexão não é desse colunista,
foi escrita pelo jornalista Marcelo Hailer, porém pela importância da mesma, e
também pela proximidade do inicio da Copa 2014, não poderia deixar de
partilha-la como meus leitores e leitoras.