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quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Dojô Cidadão do Futuro passa por reforma!

Dojô Cidadão do Futuro no segundo piso - Agosto de 2013
O Dojô Cidadão do Futuro, localizado na rua Angelin Grigolo, esquina com a av. Pedro Gianello, no bairro São Miguel em Fraiburgo, passa por uma ampla reforma, estão sendo realizados a pintura interna e externa, colocação de cerâmica e concerto de goteiras, no local são desenvolvidas atividades do Projeto Cidadão do Futuro de Karatê-dô com crianças, adolescentes, jovens e adultos moradores dos bairros: São Miguel, Nossa Senhora Aparecida, São Cristóvão e Assentamento São João Maria.
Os recursos são oriundos do fundo de transação penal do Fórum da Comarca da Fraiburgo, os quais podem ser destinados para entidades sem fins lucrativos que realizem trabalho social, cultural ou esportivo.
Foram repassados a Associação Hayashi-há Vital Fraiburgo de Karatê-dô o montante de R$ 21.870,27 (vinte e um mil, oitocentos e setenta reais com vinte e sete centavos), que estão sendo investidos da seguinte maneira: R$ 11.000,00 destinados a aquisição de kimonos (uniformes para treinamento) e 20 (vinte) coletes/protetores para treinamentos. R$ 3.744,00 destinados ao pagamento da mão-de-obra para a colocação da cerâmica. R$ 2.370,32 para quitar as despesas com a mão-de-obra da pintura interna e externa. Para adquirir tinta, cerâmica, argamassa e outros materiais utilizados na reforma foram investidos mais R$ 4.755,95.
Segundo informações repassadas por coordenadores da Associação Vital, os trabalhos de reforma se estenderão até sexta-feira 02 de setembro e o ato de reinauguração do Dojô Cidadão do Futuro acontecerá na segunda-feira 05/09.
Dojô Cidadão do Futuro no segundo piso - Inicio de Abril de 2011
O Dojô Cidadão do Futuro foi inaugurado em 28 de abril de 2011, foram investidos em sua construção R$ 130.000,00 captados junto a Trombini, Fundação Itaú Social, Fischer e da generosidade da comunidade fraiburguense através da compra de cartelas de ações solidárias entre amigos e outras promoções de mobilização de recursos financeiros, promovidas pela entidade para tornar possível a edificação desse espaço destinado para artes marciais, atividades culturais, ginástica e dança. O Dojô cidadão do Futuro também abriga a Biblioteca Comunitária Alisson Zonta. 


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“O Sul é o meu país”? Na Olimpíada seria um fracasso

Mayra Aguiar única medalha legitima do sul na Olimpíada (Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo
O movimento “O Sul é o meu país” existe há quase 25 anos. O grupo pretende organizar em outubro um plebiscito informal sobre a ideia de separar a região do resto do Brasil. Mas e na Olimpíada? Quais seriam os resultados concentrados dos atletas de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul?
Os separatistas estariam em crise e sem muitos motivos para comemorar… O Brasil somou 19 medalhas: 07 de ouros, 06 de prata e outras 06 de bronze. Podemos considerar que apenas uma é legítima do Sul. É o bronze da gaúcha Mayra Aguiar no judô.
Mas vamos ser generosos. Outro judoca, Rafael Silva, nasceu em Campo Grande (MS), mas só ficou dois meses por lá e nunca mais voltou para a cidade. Foi criado em Rolândia, no Norte do Paraná. Seria um ‘sulista naturalizado’. Então, são dois bronzes.
No vôlei de praia, a curitibana Ágatha conquistou a prata, mas jogando com a carioca Bárbara. Ou seja, só meia medalha contabilizada. Mas e os esportes coletivos?
No futebol masculino, o paranaense Zeca é o único da região titular do time. No vôlei masculino, o líbero Serginho é nascido em Diamante do Norte, no Paraná, mas aí temos de fazer o caminho inverso da naturalização. Já com nove meses foi para São Paulo. Provavelmente não defenderia as ‘cores’ do Sul. O levantador Bruninho, que distribui todas as jogadas do time, e Wallace, principal pontuador, não são da região. Então fica difícil pensar em pódio.
Em resumo, são dois bronzes e meia prata para “O Sul é meu país”. Seria o 63º no quadro de medalhas, logo atrás da Venezuela e acima do Egito.
Melhor manter tudo como está, não é mesmo? Abaixo a lista de todos os medalhistas brasileiros até a manhã desta sexta-feira (19) e as cidades de origem de cada um.


07 Ouro
Rafaela Silva (judô) – Rio de Janeiro-RJ;
Thiago Braz (salto com vara) – Marília-SP;
Robson Conceição (boxe) – Salvador-BA;
Alison e Bruno (vôlei de praia) – Vitória-ES e Brasília-DF;
Martine Grael e Kahena Kunze (vela) – Niterói-RJ e São Paulo-SP;
Futebol Masculino;
Vôlei masculino.

06 Pratas
Isaquias Queiroz (canoagem) 02 – Ubaitaba-BA;
Diego Hipólito (ginástica artística) – Santo André-SP;
Arthur Zanetti (ginástica artística) – São Caetano do Sul-SP;
Felipe Wu (tiro esportivo) – São Paulo-SP;
Ágatha e Bárbara (vôlei de praia) – Curitiba-PR e Rio de Janeiro-RJ;

06 Bronzes
Isaquias Queiroz (canoagem) – Ubaitaba-BA;
Arthur Nory (ginástica artística) – Campinas-SP;
Poliana Okimoto (maratona aquática) – São Paulo-SP;
Rafael Silva (judô) – Campo Grande-MS *Radicado em Rolândia-PR;
Mayra Aguiar (judô) – Porto Alegre-RS;
Maicon Siqueira (taekwondo) – Ribeirão das Neves-MG.


Com informações da Gazeta do Povo

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terça-feira, 23 de agosto de 2016

Ouro no futebol dá a cada jogador R$ 500 mil. Rafaela ganhou R$ 35 mil

Cada jogador de futebol recebeu R$ 500 mil pela conquista da medalha olímpica 
Quanto vale uma medalha de ouro no futebol para cada jogador e comissão técnica? R$ 12 milhões. E a judoca Rafaela Silva, que conquistou sozinha o ouro no Judô? R$ 35 mil. O disparate olímpico revela o fosso que separa o esporte no Brasil. O curioso é que o Comitê Olímpico Brasileiro calculou que daria para cada atleta de esporte coletivo que conquistasse o ouro R$ 17,5 mil – que é o que vai ganhar, por exemplo, os atletas do vôlei. Mas seis é diferente de meia dúzia quando a lógica tem como parâmetro a elite do futebol.
A verdade dos números esconde, ou tenta esconder, que o ouro no futebol, que na prática não se diferencia em nada do ouro conquistado pelas atletas da Vela, vôlei de praia, quadra e etc, é muito mais valorizado na cultura do esporte no país. O chamado espírito olímpico, como se vê, só funciona na propaganda.
Cada atleta do voleibol recebeu apenas R$ 17,5 pela conquista do ouro olímpico  
O título do futebol do Brasil, inédito, foi conquistado na última cobrança de pênalti, convertida por Neymar. O jogador, após a consagração do gol, foi a arquibancada onde bateu boca com torcedor que pedia raça e empenho ao grupo. Na cabeça Neymar carregava uma faixa onde se lia “100% Jesus”, o que é condenado pelo COI.
O valor que cada um dos 18 integrantes da equipe receberá da CBF (e não do COB) é 14 vezes maior do que a premiação dada pelo COB (Comitê Olímpico do Brasil) aos medalhistas das outras modalidades.
No início dos Jogos, o COB determinou que todos os atletas que subissem ao pódio em competições individuais, independentemente da cor da medalha, receberiam R$ 35 mil. O “bicho” aos jogadores para as conquistas em esportes coletivos seria a metade, R$ 17,5 mil.
Rafaela recebeu R$ 35 mil por conquistar a medalha de ouro 
Além da premiação do COB, os atletas também ganham dinheiro das confederações de suas modalidades.
Dono de três medalhas na Rio-2016, o canoísta baiano Isaquias Queiroz vai receber ao longo de um ano R$ 132 mil da CBCa (Confederação Brasileira de Canoagem) como prêmio.
O Brasil terminou a Olimpíada com 19 medalhas, sendo sete de ouro, seis de prata e seis de bronze. O desempenho ficou abaixo do planejado inicialmente, mas foi o maior já obtido pelo Brasil.
Segundo o site Uol, nos Jogos de Londres-2012, a CBF prometera pagar US$ 100 mil (cerca de R$ 320 mil, em valores atuais) pelo ouro. Como ficaram com a prata, os atletas não receberam nada.
A CBF declarou ter obtido um lucro de R$ 72 milhões no ano passado, 42% acima dos R$ 51 milhões registrados em 2014. Esse é o terceiro maior resultado positivo da entidade. O faturamento em 2015 também foi um recorde -R$ 584 milhões.

Fonte: Conexão Jornalismo.

Tomado do Portal Desacato.Info

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Vereadores da Região do Contestado são investigados por desvio de dinheiro publico

Delegado Mattos em coletiva de imprensa na segunda-feria 22/08 - foto Cleriton Freire 
A Polícia Civil de Caçador descobriu um esquema criminoso aplicado dentro das Câmaras de Caçador e Calmon, entre os anos de 2006 e 2010, envolvendo servidores e vereadores. De acordo com o delegado Eduardo Mattos, que coordena as investigações, existem fortes indícios de que os agentes se beneficiavam de viagens e diárias para ir em outras cidades participar de cursos que sequer existiam.
A operação que foi deflagrada na segunda-feira (22/08), apreendeu nas duas Câmaras computadores e documentos para comprovar os ilícitos. Em Caçador onze servidores da época serão indiciados pelos golpes, e em Calmon, 6. Os nomes não foram divulgados no momento. A investigação teve início há um mês, quando chegou ao conhecimento da polícia esse esquema de enriquecimento.
Segundo o delegado, três empresas fraudulentas pertencentes a um mesmo dono ofereciam cursos para várias Câmaras de Santa Catarina e outros Estados. Mas os cursos seriam de fachada, não existiam, e mesmo assim o dinheiro era pago pelos cofres públicos. Em contrapartida, os vereadores e demais servidores, cientes da fraude, se beneficiavam das viagens e diárias, também oriundos de recursos municipais.
“Foi constatado que em algumas ocasiões o servidor chegava até a cidade em questão, assinada a lista de presença e o certificado, e saía para tomar um cafezinho e eram liberados. Ainda não está comprovado, mas há indícios que alguns servidores sequer viajavam e o recurso era empenhado mesmo assim”, comenta Mattos.
Ainda segundo o delegado, o dono dessas empresas foi preso em 2015 pela DEIC, em Tijucas, onde foi constatado este esquema criminoso aplicado em outras Câmaras. O suspeito teria confessado na época que todos os cursos não existiam, e que o objetivo era apenas obter o dinheiro, e os servidores, a diária.
Foi apurado ainda pela investigação que cada diária local, na época, variava de R$ 500 a R$ 700. Ao todo, ficou provado que os servidores de Caçador viajaram para participar de 15 “cursos” em cidades como Curitiba, Florianópolis e Brasília naquela época. Os servidores de Calmon teriam viajado para participar de pelo menos 10 “cursos”.
“Todos serão indiciados por peculato e falsidade ideológica. Agora o material apreendido passará por análise e perícia, e faremos a oitiva de testemunhas. O dono da empresa será novamente indiciado. Pretendemos concluir o inquérito em até 30 dias”, acrescenta o delegado

 Justificativa
O delegado Eduardo Mattos também justificou o uso de mandados de busca e apreensão nas Câmaras, apesar de muitas informações serem acessadas via portal da Transparência.
“A Câmara só presta informações ao Tribunal de Contas. Portanto, as prestações de contas, as notas fiscais, certificados e a comprovação de gastos em diárias ficam arquivados somente na Câmara, e só são apresentados ao Tribunal quando há suspeita de fraude. Como é este o caso, representamos pelo mandado de busca, até mesmo para que o material não fosse descartado”, pondera.

Por Cleriton Freire


Fonte: Jornal Informe

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Ainda falta um pouco de Serginho, do vôlei, em Neymar

A Olimpíada acabou. O legado que fica será um bom tema para breve discussão. Futebol no sábado e vôlei no domingo fecharam com chave literalmente de ouro. Sensações distintas. Únicas.
No Maracanã alívio com o fim do tabu. No Maracanãzinho à volta por cima de uma geração marcada pela prata. Neymar e Serginho como protagonistas. Eis a grande diferença. Neymar chorou. Serginho idem.
Neymar xingou, discutiu com alguns torcedores e colocou todo o ressentimento com a mídia e seus críticos para fora. Direito dele. ‘Vocês vão ter que me engolir’, se limitou a dizer o craque. Craque com a bolas nos pés, porque quando fala é uma tragédia. Neymar: primeira medalha olímpica.
Serginho não. Caiu nos braços dos companheiros, foi ovacionado por um ginásio lotado, ganhou o prêmio de melhor jogador da Olimpíada e ainda foi enaltecido pelos adversários. Isso tudo aos 40 anos e acabando de ganhar a quarta medalha olímpica. ‘Eu não me acho merecedor. Sou um cara normal’, fecha aspas. Cada um que tire suas conclusões.

Por Bruno Voloch

Fonte e fotos: Yahoo Esportes

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segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Famílias camponesas ocupam área pertencente ao INCRA

Famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ocuparam hoje (22/08) pela madrugada, uma área de terra no município de Xanxerê-SC. O grupo faz parte do Acampamento Marcelino Chiarello, que se manteve na ocupação de uma área de terra em Chapecó nos últimos meses, a Floresta Nacional que possui mais de 800 hectares de pinus.
As famílias tiveram que desocupar essa área por uma ordem da Justiça e depois disso, foram acolhidas por famílias camponesas em outra área. Nessa madrugada, a luta pela terra seguiu em uma área que pertence ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que estava sobre o controle de uma empresa que está inadimplente há vários anos em Xanxerê. A luta continua!

Por Claudia Weinman.


Foto de Fábio Reis.

Tomado do Portal Desacato.Info

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Por baixo do solo olímpico, histórias de tortura e repressão

Conheça locais onde os Jogos são disputados hoje, mas que na ditadura eram palco de tortura pelas mãos do Estado.
Por debaixo de momentos de superação, glória e aplausos que marcam as competições e vitórias dos Jogos Olímpicos do Rio existe um território imerso em histórias de tortura e repressão. De Deodoro ao Riocentro, o Rio de Janeiro que vive hoje êxtase e alegria já foi palco de violações e atrocidades cometidas por agentes do Estado contra militantes que lutaram contra a ditadura (1964-1985).
O principal deles é o Complexo Esportivo de Deodoro, que abriga também o Estádio de Deodoro e o Centro Aquático Deodoro. Idealizado para sediar competições como hóquei, rúgbi, canoagem, tiro, hipismo do pentatlo moderno, futebol e natação, a previsão é que deixe como legado para os cariocas o Parque Radical, com piscina pública e centro olímpico.
O complexo fica na zona norte, nas instalações da antiga sede da Polícia do Exército na Vila Militar, no Rio de Janeiro. O local, de clima bucólico típico do subúrbio carioca que ostenta hoje a energia do espírito olímpico, esconde prisão e tortura de dezenas de membros de organizações como a VAR-Palmares (pelo qual militava a presidenta afastada Dilma Rousseff), além da morte de ao menos dois militantes: Chael Charles Schreier (da VAR-Palmares) e Severino Viana Colou, sargento da Polícia Militar da Guanabara que passou a integrar o Colina (Comando de Libertação Nacional).
“Não vejo como negativo o espaço ser usado para as Olimpíadas, mas o fato de não ter uma memória explícita indicado que o local foi um centro de tortura e extermínio é vergonhoso”, afirma Francisco Calmon, companheiro de luta de Dilma em 1969. “Deveriam ter feito uma estátua ou museu, algo que indicasse que ali foram retirados o sangue e a vida de brasileiros que lutavam pela democracia. Mas no Brasil temos uma política de esquecimento, e não de memória.”
Detido com a namorada Maria Luiza Mello Marinho de Albuquerque, à época com 16 anos, Calmon ficou preso na Vila Militar de novembro de 1969 a março de 1970, em uma rotina de tortura e medo.
Em 2014, ele e outros ex-militantes visitaram o local para uma diligência acompanhados de membros da Comissão Nacional da Verdade (CNV). Ele lembrou que na mesma época estiveram presos também os militantes Antonio Roberto Espinosa, Maria Auxiliadora Lara Barcellos, Colou e Chael. “Ouvi os gritos do Chael até ele não gritar mais”, lembrou Calmon à época.
Apesar de um laudo elaborado por três médicos ter constatado as lesões sofridas por Chael, o Exército anunciou na época que ele havia morrido de ataque cardíaco em consequência de ferimentos sofridos em um tiroteio.
Maria Auxiliadora ou Dodora, como é chamada pelos antigos companheiros de luta, foi presa com Chael em 1969. Militante da VAR-Palmares, foi para o exílio no Chile em 1971 e depois para a Alemanha, onde se matou em 1976. Ela relatou as agruras pelas quais passou no documentário A Report on Torture, que trata das torturas sofridas por 70 militantes brasileiros.
“Eu fui colocada nua na sala com uns 15 homens da polícia. Fui espancada e me deram cerca de 20 bofetadas. Deformaram todo o meu resto. Eles mesmo falavam que queriam me mudar o rosto”, contou durante a entrevista documentada.
“Durante todo o interrogatório colocaram música alta de macumba, com violenta percussão, e à medida que tocavam a música espancava meus companheiros e a mim, e pareciam completamente excitados e alegres. Pegaram uma tesoura, e fechavam-na e abriam-na nos meus seios.”
Maior centro de convenções da Cidade Maravilhosa, o Riocentro é outro local que recebe as competições olímpicas, mas carrega em si a atmosfera da repressão militar. O espaço que sedia provas como levantamento de peso, tênis de mesa, badminton, boxe e vôlei foi palco de um dos episódios mais emblemáticos que desmascarou o Estado ditatorial ao qual o Brasil estava submetido.
Foi lá que um atentado a bomba arquitetado para incriminar a esquerda e sustentar a necessidade de perpetuação das mãos de ferro do regime militar acabou dando errado e expôs a face repressiva do Estado brasileiro.
No relatório preliminar de 2014, “Riocentro: Terrorismo de Estado Contra a População Brasileira”, a CNV conclui que o atentado foi “um minucioso e planejado trabalho de equipe realizado por militares do I Exército e do Serviço Nacional de Informações (SNI) e o que o primeiro inquérito policial militar (IPM) sobre o caso, aberto em 1981, foi manipulado para posicionar os autores diretos da explosão apenas como vítimas”.
Na noite de 30 de abril de 1981 cerca de 20 mil pessoas estavam no Riocentro para assistir um show organizado por Chico Buarque de Hollanda para o Dia do Trabalhador. O grupo de militares que planejou o atentado emitiu uma ordem incomum para que a PM não realizasse policiamento dentro do espaço onde ocorria o show.
Além da bomba que explodiu acidentalmente no estacionamento, matando o sargento que a carregava, uma outra explodiu na casa de força do Riocentro, com o intuito de que faltasse energia no local. O artefato, no entanto, não causou o efeito desejado. Depoimentos falam ainda em outras duas bombas, que foram retiradas do local antes de serem detonadas.
Para a ex-coordenadora da CNV Rosa Cardoso, campanhas de resgate da memória materializadas através de memoriais, estátuas, placas e nomes de rua estão dentre as recomendações feitas no Relatório Final da CNV, mas carecem de vontade política para serem colocadas em prática.
“O Brasil não teve guerras e conflitos tão intensos que tenham dividido o país como aconteceu em outros lugares. Assim, houve uma ditadura, mas não a discussão sobre a memória em relação a isso”, observa Cardoso. “A homenagem às vítimas poderia ser feita próximo aos quarteis da Vila Militar. Uma coisa não elimina a outra, pelo contrário: Forças armadas e repressão militar não precisam se confundir.”

Galeão
Outro local palco de tortura na ditadura e com relativa importância para os Jogos, ao menos na esfera protocolar, é a Base Aérea do Galeão. É nela onde aterrissam autoridades como chefes de Estado ou representantes dos países estrangeiros que vêm ao Brasil.
Para o megaevento esportivo no Rio, cerca de 35 autoridades internacionais foram recebidas na base aérea que fica na Ilha do Governador. Assim como a Vila Militar, o local foi alvo de diligência em 2014, onde estiveram membros da Comissão Nacional da Verdade, peritos, ex-vítimas e testemunhas das violações que ocorreram ali entre os anos de 1971 e 1978.
Um dos militantes que por ali passaram foi Stuart Angel, severamente torturado na base da Aeronáutica antes de morrer. Militante do MR-8, o filho da estilista Zuzu Angel foi preso em junho de 1971. Apesar de relatos de que tenha passado pela Base Aérea do Galeão e pelo Hospital Central do Exército, seu corpo não foi encontrado até hoje.
À época da diligência, ex-militantes notaram que o chamado presídio subterrâneo, onde Stuart Angel ficou preso, foi transformado em centro de lazer. O local, contaram, foi cimentado e batizado em 1982 como Clube do Mickey.
Para o ex-atleta olímpico e líder comunitário na Rocinha Paulo César Martins Vieira (Amendoim), de 59 anos, a escolha por construir o Complexo Esportivo em Deodoro ou manter esses locais sem homenagear as vítimas da repressão da ditadura demonstra falta de cuidado.
“Falaria até em um pouco de falta de sensibilidade por terem construído um complexo esportivo em um espaço onde foram perdidas vidas pelas mãos do Estado”, afirma Amendoim, que disputava as provas de 800 metros e 1500 metros e esteve nos Jogos de Munique em 1972. “Na Europa, os lugares onde pessoas foram mortas se tornam sagrados, ninguém toca naquilo. Mas como aqui tudo é esquecido, com certeza não seriam esses episódios a serem lembrados.”

Por Marsílea Gombata.

Foto: Reprodução/Carta Capital


Fonte: Carta Capital

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