Por Claudia
Weinman*.
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Foto: Arquivo Jornal Comunitário |
Dedico algumas linhas para minhas
companheiras, essas, que em todo 8 de março, são referências de jornada. Que
acordam 4h da manhã para tirar o leite e preparam a mochila para a luta. Essas
Marias que nem todo mundo conhece, essas desapercebidas e julgadas, de mãos
grossas e pele queimada do sol. Meu amor por essas mulheres que ensinam com o
olhar, que nos permitem viver a pura experiência de que “Só a luta faz valer”,
que dizem: “Cansadas? Não! Da luta do povo: ninguém se cansa”. “Fortalecer a
luta em defesa da vida! Quando? Todos os dias”. “Sem feminismo, não há
socialismo”, “Quando uma mulher avança, nenhum homem retrocede”.
Então companheiras e
companheiros:
Nosso espaço sempre foi a rua, essa, que nos
reserva sempre pedras e uma porção de incertezas. É também o lugar que
dividimos nossa rebeldia, que somos felizes, que nos encontramos com nossos
companheiros para a luta maior. A rua é e será sempre esse encontro com a vida.
Outros espaços também nos são nossos, mas nenhum deles é semelhante à jornada
que temos contra o capital, como o que esse governo de Bolsonaro genocida nos
tira nesse momento. Ele não tira apenas o espaço, é autonomia, é a dinâmica, é
a condição de enfrentamento. Mas a justiça é, além de tudo, o ponto firme do
tecido costurado pelas mãos de algumas, a justiça é um sentimento, uma
condição, uma pauta que não podem nos tirar. Acredito na justiça como acredito
que toda essa maldade terá seu destino.
Mas ele já rompeu
com tantas vidas e sonhos?
Sim, é claro que sim. O sistema não faz
exposição gratuita, ele mata sem dó, tortura sem piedade, é um monstro que se
alimenta de uma parte da reserva desse exército humano. Mas a vida nos ensina a
não perder a capacidade denunciativa. Nos ensina que a nossa rebeldia é
fermento e massa, é planta e é colheita, é abrigo e desprendimento.
Todos os dias nos pertencem. Todos os dias e
mais esse 8 de março. Meu carinho companheiras, para cada uma que nessa
pandemia não tem calado a sua voz, nem por um minuto. Adelante com nossas
leituras e formas de ser. Em frente contra tudo que nos faz sofrer e não nos
permite dias de paz. Que tenhamos essa frente coletiva como nosso horizonte
sempre, nossa vida presente, nosso sonho e projeto. Não nos distanciemos por
coisas poucas, porque não existem coisas muitas que podem nos tirar da luta.
Um viva para essas mulheres que chamam de
baderneiras, bagunceiras, vagabundas, bocudas, desajeitadas e tudo mais, essas
bruxas queimadas na história, assassinadas ainda hoje. Um viva aos companheiros
também, pois não existe luta que seja individual.
Que essa vida e luta seja por nós e por
outras e outros que virão.
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*Claudia
Weinman é jornalista, vice-presidenta da Cooperativa Comunicacional Sul.
Militante do coletivo da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e
Pastoral da Juventude Rural (PJR).
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