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Imagem de divulgação |
Desde o princípio da paralisação nos transportes
estivemos em diálogo com trabalhadores e trabalhadoras do setor, famílias da
agricultura e representantes de serviços essenciais, como saúde, educação e
segurança pública. Depois da construção de um debate aberto acreditamos ser
fundamental estabelecer algumas reflexões num momento delicado para nosso
Estado e nosso País.
1 – Não há saída fora da democracia. Qualquer viés
autoritário ou que retire de nossa população a autonomia decisória somente nos
levará a crises e à repetição de dolorosos episódios, que representaram longas
recessões e a morte de centenas de pessoas.
2 – A
greve deflagrada pelos caminhoneiros evidencia o fracasso de uma política
econômica de privilégios aos ricos, em detrimento da massa de trabalhadores e
trabalhadoras, que paga a conta da crise e pior, acaba servindo para aumentar o
lucro de poucos.
3 – A
situação de exploração e penúria vivida por motoristas profissionais em todo
País é a mesma de milhares de segmentos do trabalho. Frete baixo, custos altos
e prazos desumanos transformam os trabalhadores da estrada em escravos,
conjuntura muito próxima da vivida pela agricultura familiar e camponesa, por
exemplo. Por outro lado, condenamos e repudiamos a tentativa de utilização da
justa indignação dos trabalhadores por parte de empresários inescrupulosos, que
buscam utilizar a força dos trabalhadores para ampliar seus lucros e
dividendos.
4 – É
um crime o atrelamento do preço dos combustíveis à oscilação do dólar e do
petróleo. Nossos trabalhadores não ganham em dólar e é essencial a
previsibilidade de reajustes e a adoção de uma política que proteja nossa
população das oscilações do mercado internacional. O modelo adotado por Temer é
rechaçado por quase todos os grandes países produtores de petróleo.
5 –
Desde o início da gestão de Pedro Parente (PSDB) na Petrobrás nosso País (1)
isentou as multinacionais concorrentes da Petrobrás em mais de R$ 1 trilhão em
impostos; (2) modificou a política de preços dos combustíveis, o que impede
decisões autônomas que protegeriam nossa população de reajustes drásticos; (3)
a gestão da empresa passou a atuar contra os interesses da população,
garantindo mais lucros a especuladores do mercado; (4) as decisões tomadas
fizeram com que a empresa perdesse mercado interno para importadores; (5) mesmo
com refinarias ociosas, a exportação de petróleo cru disparou, enquanto a
importação de derivados bateu recordes – o diesel importado dos EUA subiu de
41% do total para mais de 80% do total importado pelo Brasil. Por estas razões
é essencial a saída de Pedro Parente da Petrobrás e a adoção de políticas que
garantam soberania ao País. Que o petróleo brasileiro sirva ao povo brasileiro.
6 – A
redução do preço do diesel, além de limitada a um curto período, impõe ainda
mais sacrifícios à população brasileira; uma medida paliativa que em nada
colabora para a resolução dos problemas do País e da própria Petrobrás.
7 – A
Petrobrás é essencial ao desenvolvimento soberano do Brasil, e a descoberta de
novas fronteiras para exploração deve garantir benefícios para nossa população,
e não servir como simples alavanca para lucros de investidores internacionais.
8 –
Por fim, a paralisação também evidenciou o massacre praticado pelo governo
contra a agricultura familiar e camponesa. Estas famílias recebem um mínimo de
apoio e crédito, e mesmo assim são responsáveis pela produção de mais de 75% do
que chega à mesa dos brasileiros. Em contrapartida, grandes latifundiários
abocanham 90% dos recursos públicos, garantindo lucros a poucos e a manutenção
de um modelo que envenena o meio ambiente e a nossa população. Além disso,
demonstrou como o País erra em não investir na produção e comercialização de
alimentos em circuitos curtos, regionais, que valorizam a agricultura familiar
e camponesa e permitem a redução de custos e asseguram emprego e renda a um
número maior de trabalhadores e trabalhadoras do campo.
Toda
nossa força aos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros e catarinenses, na
luta por um País justo e soberano.
Por Padre Pedro Baldissera (Deputado Estadual).
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