Página Correio Esportes

terça-feira, 5 de novembro de 2019

Uma história rica para uma região de pobres e miseráveis

Caboclada foram abandonada pelo estado brasileiro - Foto: Museu do Judiciário
A Guerra do Contestado, nos últimos anos, ganhou visibilidade na mídia e em pesquisas realizadas por diversas universidades estaduais e federais. A riqueza histórica contrasta com a pobreza e a miséria deixadas no rastro do massacre.
Confira abaixo os índices de pobreza oficial da região, que variam de 20% a 43% em mais de 90% dos municípios:
CIDADES
POPULAÇÃO TOTAL (Censo IBGE de 2010)
ÍNDICE DE POBREZA
Arroio Trinta
3.502
20,18%
Bela Vista do Toldo
6.004
22,49%
Caçador
70.762
36,25%
Calmon
3.387
43,47%
Canoinhas
52.765
32,22%
Fraiburgo
34.553
36,98%
Iomerê
2.739
11,04%
Irineópolis
10.448
26,29%
Itaiópolis
20.301
26,07%
Lebon Régis
11.838
38,70%
Macieira
1.826
19,99%
Mafra
52.912
29,56%
Major Vieira
7.479
27,20%
Matos Costa
2.839
33,25%
Monte Castelo
8.346
33,99%
Papanduva
17.928
31,66%
Pinheiro Preto
3.147
17,94%
Porto União
33.493
31,29%
Rio das Antas
6.143
19,94%
Salto Veloso
4.301
28,42%
Timbó Grande
7.167
41,56%
Três Barras
18.129
39,86%
Videira
47.188
30,77%

Nas cidades de origem cabocla, a situação é agravada. Veja a tabela a seguir:
CIDADE
POPULAÇÃO TOTAL
ÌNDICE DE POBRES
Caçador
70.762
36,25%
Calmon
3.387
43,47%
Fraiburgo
34.553
36,98%
Lebon Régis
11.838
38,70%
Matos Costa
2.839
33,25%
Monte Castelo
8.346
33,99%
Timbó Grande
7.167
41,56%
Três Barras
18.129
39,86%
As palavras do general Setembrino de Carvalho, comandante do Estado-maior das forças legalistas que agiram sobre o Povo Caboclo do Contestado, resumem o alcançar dos objetivos pelas tropas federais, ele mesmo testemunha o massacre e comunica ao Palácio do Catete que o último reduto dos fanáticos do Contestado foi varrido da face da terra – e os bandidos se dispersaram pelas matas. Esses, dispersos pelas matas, serão caçados e eliminados pelas milícias dos coronéis do Contestado nos anos seguintes. Mas essa perseguição segue até os dias atuais, por variados meios e ações.
Mais do que matar o Povo Caboclo, o Contestado agora tenta matar o Contestado enquanto região de identidade regional brasileira, isso a partir do preconceito de certos grupos dominantes. Nos últimos 103 anos desde o fim oficial da Guerra do Contestado, políticas públicas estaduais e federais são irrisórias para a região, tanto que o Contestado possui os mais baixos índices de desenvolvimento humano de Santa Catarina, ou mesmo do Brasil, pois o índice de pobreza nos municípios da região do Contestado varia entre 20 e 48% da população residente.
Mas, os baixos índices de qualidade de vida, atingem, principalmente, a População Cabocla, vivendo em melhores condições, os de ascendência europeia. Muitas famílias passam fome no Contestado, pois o flagelo da fome é parte da herança maldita sobre os descendentes da População Cabocla, que possuem os piores empregos, pois são a mão de obra barata regional, são os que possuem menos qualificação profissional e são os que habitam nos piores lugares das cidades, nos fundos de vales ou encostas, onde a terra não vale quase nada.
 O Contestado Caboclo segue clamando por justiça social, principalmente no que tange ao direito à terra que lhes foi usurpada, garantindo, desta forma, o direito à vida sobre suas terras ancestrais. É preciso parar com o genocídio caboclo iniciado em 1912.

*Matéria produzida com informações, pesquisas e estudos do Professor Nilson César Fraga, Professor Adjunto no Departamento de Geociências da Universidade Estadual do Londrina. 

Leia também:

Publicidade/BED
Essa iniciativa tem apoio do BED
Blog Esportes em Debates: 
08 ANOS FAZENDO COMUNICAÇÃO E ESPORTES EM COLETIVO!
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.