Hoje (04/05), o
mesmo ciclo negativo se repete ao fim dos estaduais: mais de 20 mil
profissionais do futebol estarão desempregados. Muitas equipes irão se despedir
da temporada com menos de 18 jogos e as Federações repetirão o discurso de que,
sem os estaduais, a situação seria ainda pior. Pura balela.
É notório que os
campeonatos estaduais não possuem viabilidade econômica no formato em que são
executados. Como espetáculo também perderam qualidade e já não comovem os
torcedores como faziam décadas atrás, com exceção dos grandes clássicos. O
modelo dos estaduais está ultrapassado e são parte dos problemas estruturais do
calendário do futebol nacional. A única razão para serem assim é manter a
estrutura de poder das Federações estaduais e permitir o controle da CBF pelo
mesmo grupo político, que detêm o poder na entidade desde 1989.
O Bom Senso
Futebol Clube apresentou em 2014 uma nova proposta de calendário, ignorada pela
CBF, com a reformulação dos estaduais e novas divisões nacionais. O principal
objetivo é um calendário equilibrado, em que os grandes clubes joguem menos e
possam ter melhor preparação; ao passo que os clubes menores tenham calendário
anual, previsibilidade financeira e mantenham os 20 mil empregos perdidos no
modelo atual.
Nessa proposta, os
estaduais seriam jogados no modelo da Copa do Mundo: os 32 clubes são divididos
em oito grupos de quatro clubes. Todos do grupo jogam entre si em partida
única, classificando-se os dois melhores por grupo (três datas); 16
classificados jogam oitavas de final em jogo único (uma data); oito
classificados jogam quartas de final em jogo único (uma data); quatro
classificados jogam a semifinal em jogo único (uma data); dois classificados
fazem a final em jogo único (uma rodada); totalizando sete datas.
As principais
vantagens são um estadual com mais participantes, enxuto e marcado pela emoção
de partidas eliminatórias. Essa proposta se viabiliza com a reformulação do
Campeonato Brasileiro das séries C e D, e com a criação da série E. Com mais
equipes envolvidas nessas três divisões inferiores, com fases regionais e mais
vagas de ascenso e descenso, os times de pequeno porte terão, no mínimo, 32
jogos por ano, o dobro da média atual, de apenas 15 partidas. Ao invés de jogos
apenas por três meses, centenas de clubes passam a ter calendário anual.
A resposta dos
atuais cartolas das federações e da CBF é que “não dá para fazer”. Vejamos o
excelente modelo da Copa do Nordeste, que se tornou o torneio mais atraente e
rentável do futebol nacional no primeiro semestre. O engajamento dos
torcedores, dos patrocinadores, da televisão, dos clubes, dos atletas e dos
profissionais do esporte demonstrou a viabilidade de mudanças que racionalizem
o calendário. O Ceará sagrou-se campeão do Nordeste em 12 rodadas, ao contrário
dos campeões estaduais de SP, do RJ, de MG e do RS, por exemplo, que disputaram
19 jogos.
Já passou da hora
de organizarmos os campeonatos estaduais e o conjunto do calendário baseado em
decisões técnicas, para o bem do futebol, e não estritamente políticas, apenas
para manutenção do poder de alguns cartolas.
Por isso é tão
relevante à aprovação da Medida Provisória 671, a MP do Futebol. Esse projeto
permite um saudável e seguro refinanciamento dos clubes, com prazo extenso e
com medidas de gestão que impeçam os péssimos dirigentes de envidarem os clubes
novamente. É a adoção do verdadeiro “Fair Play Financeiro” no Brasil: adequar à
realidade dos custos do futebol ao que os clubes arrecadam. Junto às medidas de
transparência, está presente a necessária democratização das Federações e da
CBF, que deverão abrir espaço em seus conselhos técnicos, assembleias gerais e
eleições internas aos atletas. Essa medida, sem dúvida, é um grande avanço.
Nós, atletas, temos opinião e queremos o direito de expressá-la.
Tomado do Portal: http://www.bomsensofc.org
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