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terça-feira, 28 de julho de 2020

Paulo Freire pode substituir nome de racista na Universidade Columbia, nos EUA

A ideia é que o educador brasileiro dê nome ao prédio da Faculdade de Educação!
Paulo Freire o Andarilho da Utopia - foto IPF
Enquanto no Brasil, o nome de Paulo Freire, patrono da educação, tem sido contestado oficialmente, no Teachers College (TC), a Faculdade de Educação da Universidade Columbia, em Nova York, nos Estados Unidos, o nome de Paulo Freire pode vir a nomear o prédio Thorndike Hall – que homenageia Edward Thorndike, um psicólogo cuja obra demonstra ideias racistas, machistas, anti-semitas e eugênicas.
Columbia é uma das mais prestigiadas universidades do mundo, tendo entre seus ex-alunos presidentes americanos como Theodore Roosevelt e Barack Obama.
Para a renomeação virar realidade, alunos e professores da Faculdade de Educação lançaram uma carta direcionada ao conselho de diretores do Teachers College para pressionar que Paulo Freire seja o nome escolhido para substituir Edward Thorndike. No documento, afirmam que o próximo homenageado precisa expressar com compromissos da universidade.
Reforçam, nesse sentido, que as lições de Paulo Freire se coadunam com um dos princípios fundadores do Teachers College, que é “fornecer um novo tipo de educação para os mais desfavorecidos, dedicado a ajudá-los a melhorar a qualidade de suas vidas cotidianas”. Assim, defendem que “a pedagogia promovida por Freire está intimamente alinhada com a missão da universidade: promover a equidade e a excelência na educação e superar a lacuna no acesso e desempenho educacional”.
Para Ana Maria Araújo Freire, viúva de Paulo Freire, conhecida como Nita, o nome de Paulo Freire condensa tudo aquilo pelo o que trabalho a vida inteira “por autonomia, libertação, tolerância, respeito e dignificação do outro. É um homem que propôs uma redenção deste mundo de ódio, querendo que todos nós sejamos pares um do outro, com suas diferenças, consensos e dissensos, mas que não seja um mundo tão cruel como está sendo agora”.
Segundo ela, a renomeação do prédio é mais um dos capítulos do movimento de derrubada de estátuas de escravocratas pelo mundo, como de Cristóvão Colombo, em Baltimore, nos Estados Unidos, e Edward Colston, em Bristol, na Inglaterra. Para Nita Freire, a mudança de nome também reflete esse desejo de passar a homenagear nomes que melhoraram a sociedade.
“Acho que está havendo uma revisão no mundo inteiro disso: de não se homenagear homens que, em vez de melhorar, enfeiaram a sociedade. Esses homens não podem continuar como líderes, patronos a serem seguidos”, afirma Freire, que também é é doutora em educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Hoje, o nome de Paulo Freire ganhar espaço na Universidade Columbia significa reforçar as suas ideias, que atualmente representam “a grande possibilidade de o Brasil sair dessa decadência, desse obscurantismo e é por isso que eles (governo Bolsonaro) têm tanto ódio” de Paulo Freire. Em dezembro de 2019, ao sair do Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro chamou o educador de “energúmeno”.
Um mês antes, o então ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou que “Paulo Freire é um vodu sem comprovação científica” e ameaçou retirar o mural do patrono brasileiro do Ministério da Educação. Leia a carta na íntegra CLICANDO AQUI.

Fonte: Brasil de Fato

Por Caroline Oliveira - Brasil de Fato | São Paulo (SP).
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