São Miguel do
Oeste/SC
Organizações Sociais defendem a vida e o Padre Reneu durante sessão da Câmara de Vereadores de São Miguel do Oeste |
O Padre Reneu Zortea da Paróquia São Miguel Arcanjo,
de São Miguel do Oeste, interior do estado Catarinense, têm sido ‘acusado’ de
defender indígenas, mulheres, negros, pobres e marginalizados pela sociedade.
Uma moção de repúdio à homilia feita por ele na última semana, onde ele faz a
defesa da Democracia e do povo Brasileiro, foi levada para votação na Câmara de
Vereadores na noite de ontem, terça-feira, dia 17, e foi rejeitada pelos
Vereadores da casa, com voto favorável apenas do Vereador Raul Gransotto
(PSDB), autor da moção.
A Câmara de Vereadores foi ocupada por diversas
lideranças de movimentos sociais, pastorais, Igreja, Sindicatos, Partidos
políticos, Frente Brasil Popular, que manifestaram posicionamento contrário ao
Vereador Raul Gransotto. Cartazes e bandeiras foram levados em forma de
manifestação passiva para acompanhar a votação em plenário.
Comunidade migueloestina lotou o plenário da Câmara de Vereadores |
A Vereador Maria Tereza Capra (PT) foi a primeira a
votar contra a moção de Gransotto. Em sua fala, ela enfatizou que cada pessoa
possui a sua fé, a sua crença e que a Câmara de Vereadores não é espaço para
debater religião. “Nós Vereadores estamos impedidos constitucionalmente de
discutir assuntos de religião. Desde 1789 quando a Revolução Francesa foi
exercida, houve a separação entre Igreja e Estado. Em 1988 a Constituição
Federal determinou que o Estado Brasileiro é laico, então, sugiro, que se
alguém tiver assuntos de Igreja para discutir, deve fazê-lo da porta da igreja
para dentro. Que vá conversar com o Bispo, com o Papa. A Câmara não é local
para discutir assuntos de religião”.
O Vereador Cláudio Barp, (PMDB), também foi contrário
à moção. “Vieram me perguntar de que lado eu estava. Não precisam ter medo.
Tranquilo. Pela minha fé, pela religião que meus pais e avós ensinaram, pela
vivência na comunidade, pela honestidade, pois gosto de olhar no rosto das
pessoas e não fazer como muitos fazem de virar a cara, pela minha coerência,
fidelidade que tenho, sou contra essa moção”.
Pressionados legisladores votaram contra moção de repúdio |
Gilberto Pedro Berté (PMDB), também votou contrário.
“É muito difícil estar aqui. Fui uma pessoa muito bem educada, vou votar com a
minha consciência, e vou votar contrário, sei o caminho que quero seguir, sou
católico, não concordo com muitas coisas, mas vou votar com a minha
consciência”.
O Vereador Juarez da Silva (PT), enfatizou seu apoio
ao Padre Reneu Zortea e destacou: “Quero dizer ao Padre que estamos com ele, a
sociedade não pode ser representada por Fascistas, esses, que não representam a
vontade soberana do povo”. Da mesma forma e sem argumentar muito, os vereadores
Idemar José Guaresi (PR), José Jair Giovenardi (PR) e Vanirto José Conrad
(PDT), votaram contrários à moção.
Crianças, jovens e adultos exigem o fim das provações e intimidações |
Sem o apoio dos colegas vereadores, Raul Gransotto
(PSDB) foi o único a votar favorável à moção de sua própria autoria. No espaço
de fala que teve, Gransotto recebeu vaias da comunidade migueloestina após
fazer falas preconceituosas contra os movimentos sociais que estavam
manifestando seu apoio ao Padre Reneu Zortea. “Esse é o início do processo de
retirada do Padre. Queremos que ele reze missa e não se fale em Sem Terra ou
qualquer outra coisa, esses movimentos sociais que servem para morder a gente e
quebrar o país”.
Comunidade migueloestina virá a costas para Gransatto autor da moção contra o Padre Reneu |
Quando o Vereador Raul Gransotto (com o microfone) iniciou sua fala, em
forma de manifestação, a comunidade migueloestina virou ás costas para o
Vereador e levantou faixas em apoio ao Padre. Um dos jovens foi chamado de
“Bixa, viado do PT” por uma pessoa que estava acompanhando a sessão. Outro
jovem negro, que foi fazer a defesa de seu companheiro, foi chamado de “Nego
Sujo” e a partir disso, iniciou-se uma discussão na Câmara de Vereadores. Sob
orientação de advogados, os jovens devem prosseguir registrando um Boletim de
Ocorrência para a tomada das providências cabíveis.
Os jovens também foram escoltados pelo Departamento
Jurídico da Câmara de Vereadores de São Miguel do Oeste. Receberam
acompanhamento ao final de sessão para irem até suas casas, tudo, acompanhado e
orientado pelo Jurídico da Câmara para garantir a segurança da juventude.
Devido as ameaças jovens foram escoltados por advogados para saírem do plenário e dirigirem-se para suas casas |
Por
Claudia Weinman, para Desacato.Info
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