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sexta-feira, 25 de abril de 2014

Somos um só?

Estreou na noite do dia (23/04) a campanha da Rede Globo para a Copa do Mundo. Com o tema “Somos um só”, a emissora dá um show no que diz respeito a transformar o Brasil num país de branco. Você até verá negros no vídeo, porém, são corpos constrangidos e quase fora de enquadramento. Será que para a referida emissora a negritude brasileira deve ser envergonhada e ficar fora da tela?


E o que temos na campanha da Rede Globo se não a transformação do Brasil e do futebol em um país e um esporte para brancos? E choca ainda mais quando pensamos no tema – “Somos um só”. Talvez o lema da campanha funcione perfeitamente sob o prisma pelo qual os programas televisivos funcionam: personagens brancos sempre em destaque e personagens negros encerrados na subalternidade.

Na verdade, o vídeo em questão traz, mais uma vez, o Brasil envergonhado, aquele que não se reconhece na miscigenação e muito menos enquanto país latino-americano.

Copa e colonização...
Mas a linha editorial do vídeo é coerente com os agentes envolvidos, não esqueçamos do veto da Fifa ao “casal da Copa”, que seria Lázaro Ramos e Camila Pitanga, mas que foi trocado pelos brasileiríssimos Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert. A emissora poderia muito bem ter batido o pé, mas não, fez a troca para agradar o senhor Europa, que não está acostumado com essa gente carnavalesca e de cores diferentes.

O advento da Copa pode servir muito bem para fortalecer este debate a respeito da segunda colonização, pela qual não apenas o Brasil passa, mas todos os países que já foram colônia, seja na América Latina, seja na África. É preciso perguntar: por que o vídeo da emissora, que será peça chefe durante toda a Copa, esconde os corpos negros? Ora, é por que hoje a colonização não vem de fora, ela acontece aqui, em nosso quintal, a partir de instrumentos de poder comandados por aqueles que lambem a calçada de Wall Street e silenciam o caráter latino, afro e indígena do Brasil.

Posto assim, fica fácil de entender o mote da campanha – “Somos um só”: um povo branco, Americano (nem do Sul, nem Latino), loiro, cabelo liso… Portanto, ficamos assim: no samba e na Copa da Globo, todo mundo é branco! Essa reflexão não é desse colunista, foi escrita pelo jornalista Marcelo Hailer, porém pela importância da mesma, e também pela proximidade do inicio da Copa 2014, não poderia deixar de partilha-la como meus leitores e leitoras.


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