A Associação Atletas
pela Cidadania, fundada em 2011, lançou em 17/07 um manifesto forte, claro e independente sobre
os megaeventos esportivos sem legados para o país. A entidade é presidida por
Ana Moser e dela fazem parte esportistas como: Mauro Silva, Cafu, Raí, Lars
Grael, Magic Paula, Fernando Meligeni, Gustavo Borges, Joaquim Cruz e muitos
outros.
Leia abaixo, a íntegra do manifesto que ecoa a voz das
ruas nos protestos de junho que movimentaram o Brasil:
Há mais de dois anos,
a Associação Atletas pela Cidadania vem tentando chamar a atenção do governo
para a importância de uma agenda de um legado dos grandes eventos esportivos.
Copa e Olimpíadas têm
um valor inegável para o país que as recebe, mas somente se tornam uma
oportunidade efetiva quando a prioridade do interesse público é a regra e
quando existam propostas concretas de Legado Esportivo e Social.
O interesse público e
a transparência têm que prevalecer em todas as ações: nas obras, construções,
intervenções sociais ou investimentos públicos e privados. Mais do que isso:
todos os recursos gerados pelos eventos devem ser destinados ao desenvolvimento
social e econômico do país, chegando de forma positiva na vida das pessoas.
Nós, Atletas pela
Cidadania, somos contra a destinação de recursos públicos para benesse de
alguns, as remoções que violam os direitos humanos, a corrupção e a falta de
transparência nas decisões e nas contas.
Tudo isso é contra o
espírito e os valores do Esporte.
Acreditamos nos
valores positivos do Esporte e sabemos do seu impacto no desenvolvimento do
país. O Esporte é direito de todos os brasileiros. Melhora a saúde e a
qualidade de vida, diminui a evasão escolar, aumenta o desempenho dos alunos.
Repetimos: há mais de
dois anos apresentamos uma agenda positiva ao país, com dois pontos centrais
para o Legado Esportivo e Social da Copa e das Olimpíadas: o Esporte acessível
a todos os brasileiros e a urgente revisão do Sistema Esportivo Nacional.
As diretrizes são
claras.
Limitar o mandato de
dirigentes esportivos, definir os papéis e integrar os entes federativos, abrir
à participação democrática de atletas, qualificar educadores e profissionais
esportivos permanentemente, ampliar a infraestrutura esportiva pública.
São medidas para
garantir o acesso ao Esporte para todas as pessoas, de norte a sul. Além de
desenvolver a cultura esportiva no país e levar os benefícios do Esporte a
todos. E como consequência natural, também melhorar o esporte de alto
rendimento e suas conquistas.
Felizmente, o país
hoje clama por mudanças. A agenda pública deve se balizar pelo que seu povo
decide e não só pelo que seus governantes acreditam que sejam as prioridades. O
dia a dia do poder tem afastado a máquina pública do interesse público. Vivemos
uma crise da democracia representativa, cuja solução está em ouvir diretamente
os detentores reais do poder – o povo.
Queremos ser ouvidos e por isso solicitamos:
1. A criação de um
comitê interministerial para a reestruturação da legislação do sistema
esportivo nacional e a criação de um Plano Nacional de Esporte. Com metas,
estratégias, métricas de avaliação e resultados claros. Um comitê com
participação da sociedade, com voz e voto, liderado pela Presidência da
República.
2. Aprovação de
legislação que dispõe sobre as condições necessárias para as entidades do
Sistema Nacional de Esporte receberem recursos públicos (emenda nº à MP 612 e
emenda nº à MP 615).
3. Total
transparência dos investimentos e das apurações referentes às denúncias de
violações de direitos humanos nos grandes eventos esportivos, como exploração
sexual infantil, remoções sociais forçadas, sub-emprego”.
Mais informações
sobre a Associação Atletas pela Cidadania você encontra em
Com informações do Blog do Juca Kfouri.
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