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segunda-feira, 8 de março de 2021

Essas Marias que nem todo mundo conhece.

Por Claudia Weinman*.

Foto: Arquivo Jornal Comunitário

Dedico algumas linhas para minhas companheiras, essas, que em todo 8 de março, são referências de jornada. Que acordam 4h da manhã para tirar o leite e preparam a mochila para a luta. Essas Marias que nem todo mundo conhece, essas desapercebidas e julgadas, de mãos grossas e pele queimada do sol. Meu amor por essas mulheres que ensinam com o olhar, que nos permitem viver a pura experiência de que “Só a luta faz valer”, que dizem: “Cansadas? Não! Da luta do povo: ninguém se cansa”. “Fortalecer a luta em defesa da vida! Quando? Todos os dias”. “Sem feminismo, não há socialismo”, “Quando uma mulher avança, nenhum homem retrocede”.

Então companheiras e companheiros:

Nosso espaço sempre foi a rua, essa, que nos reserva sempre pedras e uma porção de incertezas. É também o lugar que dividimos nossa rebeldia, que somos felizes, que nos encontramos com nossos companheiros para a luta maior. A rua é e será sempre esse encontro com a vida. Outros espaços também nos são nossos, mas nenhum deles é semelhante à jornada que temos contra o capital, como o que esse governo de Bolsonaro genocida nos tira nesse momento. Ele não tira apenas o espaço, é autonomia, é a dinâmica, é a condição de enfrentamento. Mas a justiça é, além de tudo, o ponto firme do tecido costurado pelas mãos de algumas, a justiça é um sentimento, uma condição, uma pauta que não podem nos tirar. Acredito na justiça como acredito que toda essa maldade terá seu destino.

Mas ele já rompeu com tantas vidas e sonhos?

Sim, é claro que sim. O sistema não faz exposição gratuita, ele mata sem dó, tortura sem piedade, é um monstro que se alimenta de uma parte da reserva desse exército humano. Mas a vida nos ensina a não perder a capacidade denunciativa. Nos ensina que a nossa rebeldia é fermento e massa, é planta e é colheita, é abrigo e desprendimento.

Todos os dias nos pertencem. Todos os dias e mais esse 8 de março. Meu carinho companheiras, para cada uma que nessa pandemia não tem calado a sua voz, nem por um minuto. Adelante com nossas leituras e formas de ser. Em frente contra tudo que nos faz sofrer e não nos permite dias de paz. Que tenhamos essa frente coletiva como nosso horizonte sempre, nossa vida presente, nosso sonho e projeto. Não nos distanciemos por coisas poucas, porque não existem coisas muitas que podem nos tirar da luta.

Um viva para essas mulheres que chamam de baderneiras, bagunceiras, vagabundas, bocudas, desajeitadas e tudo mais, essas bruxas queimadas na história, assassinadas ainda hoje. Um viva aos companheiros também, pois não existe luta que seja individual.

Que essa vida e luta seja por nós e por outras e outros que virão.

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*Claudia Weinman é jornalista, vice-presidenta da Cooperativa Comunicacional Sul. Militante do coletivo da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e Pastoral da Juventude Rural (PJR).

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