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domingo, 1 de maio de 2022

2ª MOSTRA DE CINEMA CHICA PELEGA AGUÇA O OLHAR PARA OS POVOS DA REGIÃO DO CONTESTADO

Depois de passar por Campos Novos (11 de abril), Curitibanos (18 abril) e Caçador (25 abril) chegando a 1790 estudantes de 37 turmas de 26 escolas estaduais e municipais, além do público em geral que pôde acompanhar as sessões abertas e gratuitas, à noite, sempre no Cine Lúmine, podemos garantir que a 2a Mostra de Cinema Chica Pelega foi um sucesso. O Projeto é uma realização do Governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), com recursos do Governo Federal e da Lei Aldir Blanc e conta com a produção da VMS Produções e da Pupilo TV de Joaçaba.

Foram oferecidas duas sessões-escola de manhã e duas de tarde para turmas de 8º, 9º do ensino fundamental e 1º a 3º anos do ensino médio de escolas públicas dos municípios e Gerências Regionais de Educação (GERED) por onde a Mostra passou. Desta forma, pôde-se unir a experiência do audiovisual com as necessidades educacionais de ensino a respeito da Guerra do Contestado, conteúdo este relacionado aos filmes.

Sob a curadoria do cineasta joaçabense Rudolfo Auffinger, foram exibidos os curta-metragens Irani, do Rogério Sganzerla (1983); Olhar Contestado, de Fabianne Balvedi e Fernando Severo (2015) e Larfiagem (2017), de Gabi Bresola. O primeiro curta-metragem é um registro em Super 8, câmera na mão, de um desfile cívico em homenagem à Guerra do Contestado, onde o cineasta filma de perto os cavalos e o discurso do folclorista Vicente Telles a respeito daquele conflito que teve sua batalha inicial naquele município. Já o filme de Fabianne Balvedi resgata as fotos do fotógrafo Claro Gustavo Jansson, o profissional contratado pela madeireira Lumber, para retratar a Guerra. Ela faz animação usando software livre e desta forma muda à percepção a respeito do caboclo. E finalmente, Larfiagem é o nome do linguajar criado em Herval d´Oeste, quarenta anos depois da guerra, por meninos que trabalhavam na estação ferroviária e quem conta a história são seus criadores, agora com 60, 70 anos.

Além destes, à noite, foi exibido o longa-metragem Terra Cabocla (2015), de Márcia Paraíso e Ralf Tambke, na sessão aberta ao público. O documentário é gravado em Fraiburgo e Lebon Régis, e mostra a fé cabocla das joaninas e joaninos, os devotos a São João Maria. Eles vivem o cotidiano do Contestado, lembram o massacre e as almas que se perderam na guerra; as lutas que ainda estão de pé: pela terra, pela dignidade, pela vida.

Durante os debates na ultima etapa da Mostra, ao mesmo tempo que se externava uma gratidão por se trazer à tona um assunto tão importante e latente, que é o perceber-se como caboclos e caboclas, que é entender o seu jeito popular de falar, a história para além da historiografia oficial, é pensar quem faz este resgate e como ele é proposto, um grupo de artistas, que trabalha na periferia de Caçador, falam sobre a sua luta para ganhar visibilidade. Eles relatam a facilidade de brancos descendentes de europeus fazerem este debate em detrimento de pretos, pobres e caboclos, que ainda têm para eles ocultos estes espaços. Mesmo com todas as possibilidades de recursos postos à disposição para tanto. Foi uma conversa rica em elementos e um debate para ser estendido para outros espaços de atuação.

Já houve convites de outros municípios para que uma Terceira edição da Mostra de Cinema Chica Pelega percorra outros caminhos dentro da região onde ocorreu a Guerra do Contestado. Outros interessados podem entrar em contato com a equipe de produção por meio deste link https://chicapelega.com.br/circuito/nova-cidade/

Fotos: Luana Callai e Gabriel Felip Gomes Olivo 

Matéria: Cristina de Marco

quarta-feira, 20 de abril de 2022

CURITIBANOS REVISITA SUA IDENTIDADE CABOCLA EM MOSTRA DE CINEMA COM FOCO NA GUERRA DO CONTESTADO

Mais de 100 anos se passaram e a Guerra do Contestado (1912-1916) está sendo revisitada, debatida e questionada por seus descendentes por meio da relação cinema e educação. A 2ª Mostra de Cinema Chica Pelega levou 632 estudantes de 12 escolas – oito estaduais, três municipais e uma particular – ao Cine Lúmine, em Curitibanos, nos dias 18 e 19 de abril. Durante as cinco sessões diurnas, todas acompanhadas de debate, os estudantes puderam assistir a três curtas-metragens: Olhar Contestado (2012), de Fabianne Balvedi e Fernando Severo; Irani (1983), de Rogério Sganzerla e Larfiagem (2017), de Gabi Bresola. Na sessão noturna, teve também a exibição do longa-metragem Terra Cabocla (2015), de Márcia Paraíso e Ralf Tambke. Produção da Pupilo TV e da VMS Produções. Realização: Governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), com recursos do Governo Federal e da Lei Aldir Blanc.

Durante o bate-papo, o professor Jilson Carlos Souza, da Associação Paulo Freire de Educação e Cultura Popular (APAFEC), de Fraiburgo e do Fórum Regional em Defesa da Civilização e Cultura Cabocla do Contestado, comentou com os estudantes sobre a origem do nome Curitibanos – Homens que vem de Curitiba. Estes homens, segundo ele, faziam o tropeirismo de gado, ou seja, conduziam os animais do Rio Grande do Sul até o centro econômico do Brasil, que naquela época era Sorocaba, no interior de São Paulo. A palavra Curitiba tem origem tupi-guarani – Cidade das Araucárias. E assim, os homens que viajavam até Curitiba, fundaram uma cidade no meio do caminho, antes de chegar à cidade das Araucárias. Por ser este lugar de passagem, Curitibanos é o espaço também que deu origem a outros conflitos agrários desta época. 

A partir desta introdução, o educador popular contou o que ele considera um dos episódios mais interessantes da Guerra do Contestado e que fica localizado há 800 metros de onde acontecia a 2a Mostra de Cinema Chica Pelega – Contestado em Foco. “Cansados de apenas se defenderem dos ataques, os caboclos e caboclas resolvem também atacar. Eles incendiaram o cartório e a Igreja. No entanto, eles não buscavam vingança, não queriam o sangue dos seus matadores, eles queriam justiça. Ninguém morreu. Os prédios estavam vazios,  Apenas foram queimados e eliminados os registros, os papéis, os documentos que davam direito de posse às terras – o que dava direito a matar”, disse ele ainda acrescentando:

Para nós caboclos e caboclas, a nossa relação com a terra não é de exploração, é de pertencimento. A terra é nossa mãe, ela é o que nós chamamos de Pachamama, a grande mãe. E pros brancos que aqui chegaram e passaram a ter o título de terra, e por isso eles podiam expulsar os caboclos de suas terras, a relação é de exploração da terra. Isso denota que a nossa história não começou há 60, 70, 100 anos atrás, com os imigrantes. Ela começou há pelo menos 10 mil anos, com as nações indígenas. Não foi o homem branco que nos ensinou a comer aipim, pinhão, foi o indígena. E é dessa história que nós estamos falando nesses filmes.

Por meio da parceria entre a 2ª Mostra de Cinema Chica Pelega Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) campus de Curitibanos, foi possível a participação do professor Paulo Pinheiro Machado, autor de Lideranças do Contestado (2004), Guerra Santa Revisitada (2008), Rebeldes do Contestado (2016) e coordenador do grupo de pesquisa sobre o Contestado. Para ele:

A resistência contra a expropriação de ferrovias existia em todo o Brasil e em toda a América Latina. Essa concessão que dava terra em cada lado da linha de ferro não era só no Contestado. Estradas em outros lugares do Brasil impactavam sobre comunidades da mesma forma, mas não aconteceu a Guerra do Contestado em todo lugar. Aqui houve a união de vários elementos culturais subjetivos que viabilizaram esta forma de resistência e de organização da população. É isso que a gente precisa entender. A luta contra o coronelismo, contra a ferrovia que causava todo aquele impacto ambiental e social, são elementos muito além das questões regionais. São elementos nacionais. A discussão sobre o coronelismo não era uma discussão só do meio oeste de Santa Catarina, era um problema do Brasil inteiro. E ainda é.

O professor Paulo Pinheiro insiste que o contexto agrário no Contestado é de resistência à expropriação.

Eles já eram posseiros. Até os grandes fazendeiros não tinham título de propriedade. O contexto hoje é de reconquista do território perdido. A luta pela Reforma Agrária hoje se comunica com o Contestado, assim como se comunica com as missões Jesuíticas. Há vários descendentes de imigrantes nos redutos.

MAS, AFINAL, QUEM É O POVO CABOCLO?

Os estudantes ficaram curiosos ao ver os filmes, ao ouvir as histórias relatadas pelo professor Jilson Souza, a respeito da participação de Curitibanos na Guerra do Contestado, dos ajuntamentos, então chamados de Cidades Santas. Mas quem são então estes caboclos?

O caboclo e a cabocla somos todos nós: o preto, o índio e o branco pobre  Esse povo misturado, que resistiu e nos trouxe até aqui. Nós só estamos vendo esses filmes e dialogando sobre o Contestado porque nós somos descendentes, nós somos continuadores da história do Contestado. Hoje em outras trincheiras. Naquele momento, eles tiveram que enfrentar canhão, avião, metralhadora alemã. Hoje, a nossa tarefa é enfrentar a tentativa de esquecimento, de apagamento da história, de quem nós somos e o que somos. E ser caboclo é um grupo social formado por pelo menos três etnias: indígena, negra e branca.

A GUERRA PODIA TER SIDO EVITADA

O professor Paulo Pinheiro Machado destacou uma fala do professor Rogério, dentro do filme Terra Cabocla (2012), quando ele afirma que a guerra contra o próprio povo não é uma fatalidade, é uma decisão política. Ela podia ter sido evitada e a matança não teria acontecido:

Possivelmente Taquarussu do Bonsucesso hoje fosse uma espécie de Juazeiro do Norte, vendendo fitinhas de João Maria, tendo uma romaria anual… Juazeiro do Norte teve mediações políticas que impediram o ataque. Padre Cícero era um coronel, ele estava na política oligárquica, influenciava na política nacional e regional. Aqui no Contestado não tinham nenhum tutor, nenhum coronel que fizesse esse tipo de mediação. E aquela concentração de pobres foi vista como uma ameaça à ordem estabelecida. Foram sistematicamente atacados e a Guerra se estabeleceu.

Ao final de cada sessão, de cada participação, de cada nova escola, de cada novo município da região do Contestado por onde a 2ª Mostra Chica Pelega tem passado percebe-se que a história é latente.  As reflexões sobre a guerra são também sobre a vida e a reconquista da terra. Esta edição se encerra a próxima parada, é em Caçador, nos dias 25 e 26 de abril, no Cine Lúmine. Até lá.

Fotos: Luana Callai e Gabriel Felip Gomes Olivo 

Matéria: Cristina de Marco

quarta-feira, 13 de abril de 2022

Mais de 700 estudantes da rede pública comparecem à 2ª Mostra de Cinema Chica Pelega em Campos Novos

A estreia da 2ª Mostra de Cinema Chica Pelega aconteceu na última segunda-feira, dia 11 de abril em Campos Novos. Foram exibidos três curtas-metragens em quatro sessões-escola e uma sessão noturna aberta ao público, com um curta e um longa-metragem. Todas elas com entrada gratuita. O projeto é uma realização do Governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), com recursos do Governo Federal e da Lei Aldir Blanc, com a produção da VMS Produções e da Pupilo TV de Joaçaba. Nas próximas semanas, a Mostra estará ainda pelos municípios de Curitibanos no dia 18 de abril e em Caçador na segunda-feira 25 de abril.

No período matutino, 354 estudantes da rede pública municipal: Escola Prof. Nair da Silva Gris (CAIC);  Escola Sta Julia Billiart; Escola Novos Campos. E da rede publica estadual: Escola Paulo Blasi, Escola Prof. Antonia Correa Mendes, Escola Henrique Rupp e Gasparino de Campos Novos assistiram aos curtas-metragens Olhar Contestado(2015), de Fabianne Balvedi e Fernando Severo; Irani (1983), de Rogério Sganzerla e Larfiagem (2017) de Gabi Bresola, em duas sessões (8h30min e 10h00min).

À tarde, as Escolas Estaduais Henrique Rupp e Gasparino, o CAIC a Santa Julia Billiart mandaram outras turmas. Além delas, ainda compareceram a Escola de Educação Básica Professora Virginia Paulina da Silva Gonçalves, de Monte Carlo. Na soma, foram 228 educandos, divididos em duas sessões às 14h00min e às 15h30min, para assistirem e debaterem os filmes apresentados na 2ª Mostra de Cinema Chica Pelega, no Cine Lúmine.

Fechando a programação, às 19h30min, a última sessão, aberta ao público, contando com a presença de 135 estudantes do Centro de Educação de Jovens e Adultos (CEJA) de Campos Novos e Monte Carlo, além de outros interessados em conhecer os filmes que retratavam os temas referentes ao Conflito do Contestado e à Cultura e a Civilização Cabocla.

Entre os interessados, estavam o ex-senador da República, Dirceu e Terezinha Carneiro, moradores da região. Eles chegaram cedo e acompanharam a exibição de Kiki, o Ritual de Resistência Kaingang (2012), de Ilka Goldsmith e Cassiano Vitorino, da Margot Filmes de Chapecó, e de Terra Cabocla (2015) de Marcia Paraiso e Ralf Tambke, da Plural Filmes.

Ao final de cada sessão manhã, tarde e noite houve debate sobre os temas levantados pelos filmes. Durante o dia, com a participação do professor Jilson Carlos Souza, caboclo, educador e comunicador popular, integrante do Fórum Regional em Defesa da Civilização e da Cultura Cabocla do Contestado e da Associação Paulo Freire de Educação e Cultura Popular (APAFEC). Para o debate da noite, contamos com a participação também de João Maria Chaves dos Santos, assentado no MST em Campos Novos, pesquisador oral das lutas pela terra, descendente de caboclos.

Os estudantes não se sentiram intimidados em perguntar. Queriam saber sobre a formação dos povos originários, a construção e o porquê não se mantém atualmente ativa a estrada ferro, interessaram-se muito pela “larfia”, a língua criada em Herval do Oeste pelos meninos que trabalhavam na Estação Ferroviária, retratados no filme de Gabi Bresola.

Muitos deles nunca tinham ido ao cinema, segundo o relato das professoras. Não nos constrangemos com esta pergunta. Mas estava em seus olhos. Brilhavam. Suas almas pareciam sair do corpo e ir em direção à tela, em direção ao sonho.

Fotos: Luana Callai Fotógrafa

Matéria: Cristina de Marco

 

OS FILMES

TERRA CABOCLA (Marcia Paraiso e Ralf Tambke, 2015, 82m) Um povo simples, de crenças e rituais tradicionais habita a região do Planalto Catarinense. Símbolos de uma forte resistência cultural, os caboclos enfrentaram uma guerra de extermínio há 100 anos atrás, quando sofreram severos ataques de grandes fazendeiros, do Estado e das oligarquias que estavam de olho nas terras que o grupo ocupava. Apesar da Guerra do Contestado ter quase dizimado a cultura local, o povo caboclo conseguiu se reerguer e mantê-la viva até os dias atuais.

KIKI, O RITUAL DE RESISTÊNCIA KAINGANG (Cassemiro Vitorino e Ilka Goldschmidt, 2014, 34m) Kiki é o ritual mais importante da etnia indígena. Foi realizado em 2011 na Aldeia Condá Chapecó/SC). De forma cronológica, são mostrados os preparativos na mata e na aldeia. A realização do ritual foi uma tentativa de revitalizar e fortalecer o dualismo Kaingang. O filme mostra, também, como a língua Kaingang ainda hoje representa um importante signo dessa cultura, demonstrando que os indígenas mantêm sua identidade apesar da violência do contato com outras etnias.

IRANI (Rogério Sganzerla, 1983 – 8 m) O cineasta, com a câmera na mão, se mistura aos personagens da festa que marca o aniversário da Guerra do Contestado, na cidade de Irani. Uma câmera que se aproxima de frente aos cavalos, que imprime movimentos circulares, estabelece uma gramática que emerge, a partir da encenação que a população da cidade constrói. O filme é a sua maneira de olhar para o seu passado a fim de constituir uma história que lhe represente.

OLHAR CONTESTADO (Fabianne Balvedi e Fernando Severo, 2012, 15m) A animação de câmeras virtuais sobre registros fotográficos, ilustrações e desenhos rotoscopiados sobre documentários da época fornecem os elementos visuais necessários para a reconstituição minuciosa dos locais, personagens e eventos do conflito. As principais fotografias utilizadas são de Claro Jansson, fotógrafo contratado pela Madeireira Lumber, que registrou passagens fundamentais daquela que ficou conhecida como “Guerra Santa do Sul”. “O Contestado ainda é uma guerra cheia de interrogações, cheia de dúvidas, do que realmente aconteceu. Além do importante caráter histórico/documental, o filme se destaca pelo fato de ser aberto (filme e fontes disponibilizados livremente) e ter sido produzido com ferramentas livres.)

LARFIAGEM (Gabi Bresola, 2017, 18m) Engraxates, carregadores de malas e outras crianças de 7 a 15 anos de idade conviviam com viajantes da estação ferroviária de Herval d’Oeste (SC), nos anos de 1950. Para sobreviver, comprar gibis e ir ao cinema, driblar fiscais, policiais e até os próprios pais, inventaram uma língua própria. Hoje, décadas depois, a Larfiagem aparece como memória de seus últimos falantes, agora septuagenários, mas que ainda conhecem, ensinam e decifram os segredos de seus substantivos e pronomes.

Fonte: Blog 2ª Mostra de Cinema Chica Pelega

terça-feira, 1 de março de 2022

QUEM FOI O RESPONSÁVEL NA PREFEITURA DE FRAIBURGO PELA DEVOLUÇÃO DOS R$ 105 MIL, AO GOVERNO FEDERAL?

Ao ler a edição 1038, do Jornal Catarinense, que circula na Região Vale do Contestado desde o dia 25 de fevereiro, na página 02 me deparei com a seguinte pergunta: Porque a Prefeitura devolveu mais de cem mil reais?

Ao ler a noticia, me dei conta que é um pedido de informação que fiz via whatsapp ao prefeito, ao vice-prefeito, vereadores e uma vereadora da situação e da suposta oposição, sobre recursos financeiros da lei Aldir Blanc. Para alguns dos políticos/partidários citados fiz o pedido em dezembro de 2021. Para quem se interessar posso passar as imagens dos pedidos de informações.

Recorte do Jornal Catarinense - edição 1038 - com as informações da devolução

É um completo absurdo que essa devolução tenha acontecido, prejudicando o setor da sociedade brasileira e fraiburguense, mais afetado pela pandemia do covid 19, o primeiro setor a parar e o ultimo a retomar suas atividades, o setor cultural!

Quem foi o responsável na Prefeitura de Fraiburgo pela devolução dos R$ 105 mil, ao governo federal?

Em tempo, pois certamente alguns irão tentar desqualificar essa nota, dizendo que sou eu quem escreve a Coluna A Corneta do Monge! Não escrevo sob nenhuma alcunha, toda e qualquer manifestação escrita que faço, assino e me responsabilizo pelo que escrevi, e a grande maiores de minhas manifestações escritas faço aqui neste espaço!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

VÍDEO REVELA AMEAÇAS E AGRESSÕES FÍSICAS REALIZADAS POR POLICIAIS MILITARES DE FRAIBURGO A UMA MULHER E A QUEM FILMOU A AÇÃO...

Vídeo revela agressões verbais e fisica feita contra mulher negra

Nesta terça-feira 15 de fevereiro, circulou em redes sociais virtuais (Facebook, Whatsapp, Telegram...), um vídeo que revela ameaças e agressões físicas a uma mulher negra no município de Fraiburgo. No vídeo também é registrado áudio da agressão física a quem filmou a ação truculenta.

As ameaças e agressões físicas e verbais foram proferidas por dois policiais militares do efetivo 3ª Companhia de Polícia Militar - Fraiburgo.

Essa denuncia não é contra a instituição policia militar, essa denuncia é para que os maus policiais que aparecem no vídeo sejam responsabilizados por seus atos e para que o ministério publico e demais autoridades responsáveis por tal situação tomem providencias cabíveis ao assunto. Clique abaixo e assista o vídeo na íntegra: 

Nenhum erro que a mulher detida possa ter cometido, justifica tamanha violência por parte de um agente do estado que deveria garantir os direitos constitucionais de todos e todas, pois policiais militares não podem agir como jagunços. A pessoa que filmou tem todo o direito de fazê-lo por se tratar de um agente publico em serviço!

A pergunta que fica: Até quando a sociedade catarinense vai pagar os salários desses agressores travestidos de policiais militares?

Peço que divulguem o vídeo, seja compartilhado para que o mesmo viralize e as autoridades sejam obrigadas a tomar atitudes contra os dois policiais que aparecem no vídeo!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

KARATECAS FRAIBURGUENSES PARTICIPARAM DE CURSO TÉCNICO NACIONAL EM MINAS GERAIS

Nesta sexta-feira 11 de fevereiro, a delegação de 21 fraiburguenses, que participam da COPA BRASIL HAYASHI DE KARATÊ-DÔ, estão realizado o curso técnico com Sensei’s: Paulo, Simone e Victor! O evento acontece nos dias 11, 12 e 13 de fevereiro de 2022, em Piumhi/MG.

21 fraiburguenses participam da Copa Brasil Hayashi de Karatê-dô, a atividade esportiva de caráter nacional e de acordo com organizadores são 537 (quinhentos e trinta e sete) atletas inscritos/as de 48 (quarenta e oito) clubes, associações e academias de 10 (dez) estados brasileiros.

“Quando um/uma karateca da Associação Hayashi-há Vital Fraiburgo Karatê-dô participa de uma competição e sobe ao pódio, todos os herdeiros/as do Contestado, sobem junto”, frase do deputado estadual Padre Pedro Baldissera, dita durante a Sessão Solene pelos 30 anos do Karatê-dô, realizada em setembro de 2019.       

Delegação fraiburguense com Shihan Paulo e Sensei Simone
 
Curso técnico nacional de Karatê-dô

Parte da delegação fraiburguense com Shihan Paulo e Sensei Simone

Curso tecnico nacional de Karatê-dô

Fotos: Karatê-dô fraiburguense. 

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

FRAIBURGUENSES PARTICIPAM DA COPA BRASIL KARATÊ-DÔ

Delegação fraiburguense no momento do embarque - foto Karatê-dô fraiburguenses

Na quinta-feira, 10 de fevereiro, a delegação composta por 21 fraiburguenses, entre atletas e comissão técnica embarcou para Minas Gerais, com o objetivo de participar da COPA BRASIL HAYASHI DE KARATÊ-DÔ. O evento acontecerá ao longo dos dias 11, 12 e 13 de fevereiro de 2022, na sede campestre do Piumhi Tênis Clube, sito à Av. Francisco Machado nº 900, Bairro Aeroporto – Piumhi/MG.

A copa é organizada pela Associação Hayashi-há de Karatê-dô, a atividade esportiva com caráter nacional e conforme organizadores são 537 (quinhentos e trinta e sete) atletas inscritos/as de 48 (quarenta e oito) clubes, associações e academias de 10 (dez) estados brasileiros. A competição será regida pelas regras da Federação Mundial de Karate (WKF), entidade filiada ao Comitê Olímpico Internacional (COI). 

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

I Jornada Cabocla promoveu encontro de pesquisadores, ativistas e educadores do Contestado

10 videos disponiveis no Youtube - Canal Jornada Cabocla Chica Pelega

Entre os dias 02 e 08 de fevereiro, o Fórum Regional em Defesa da Civilização e da Cultura Cabocla do Contestado proporcionou a 1ª Edição da Jornada Cabocla Chica Pelega, promovendo o encontro e a reflexão acerca do Conflito do Contestado, que sucedeu entre 1912 e 1916 na grande região hoje Meio Oeste Catarinense, a partir da construção da estrada de ferro Rio Grande do Sul a São Paulo. O evento foi transmitido pelo Facebook (https://www.facebook.com/jornadacaboclachicapelega) e pelo Youtube (https://www.youtube.com/channel/UCd_FqqCgZFgoRwEDFmGI5OQ/videos) e estão disponíveis para aqueles que não puderam participar. 

O objetivo desta primeira edição foi rememorar os dois embates que aconteceram em Taquarussu do Bonsucesso – que antes pertencia a Curitibanos e hoje a Fraiburgo. A primeira batalha ocorreu no dia 29 de dezembro de 1913 e a segunda, mais conhecida como o Massacre do Taquarussu, deu-se no dia 08 de fevereiro de 1914, como narra o jornalista e pesquisador Paulo Ramos Derengoski (Railway do Contestado. Editora Insular, p.40 e 41):

Na madrugada de 8 de fevereiro de 1914, Aleluia Pires deu ordem de fogo. Depois de alguns tiroteios esparsos com franco-atiradores, os legalistas conseguiram cercaras saídas do reduto de Taquarussu e assentaram metralhadoras nas elevações mais próximas. Durante quatro dias e quatro noites, milhares de granadas explosivas Schrapnell arrebentaram os casebres do acampamento caboclo: homens, mulheres e crianças são rasgados pelos estilhaços. Em meio ao fogaréu a ferro, numa gritaria medonha voam braços, pernas, panelas, armas, santinhos, potes, roupas, chapéus e lascas. A resistência sertaneja esfaleceu em meio aos destroços “.

A Primeira Jornada Chica Pelega foi possível com apoio de diversas entidades como a Escola de Educação Básica 30 de Outubro (Lebon Régis), Instituto Federal de Santa Catarina – IFSC Campus Caçador, Associação Hayashi-há Vital de Karatê-dô (Fraiburgo), Pastoral da Juventude Rural – PJR/SC, Associação Paulo Freire de Educação e Cultura Popular (Fraiburgo), Grupo Renascença Cabocla (Fraiburgo), Pastoral da Juventude do Meio Popular – PJMP/SC e TV Pupilo. O evento também contou com o apoio de pesquisadores/as, professores/as e ativistas do Contestado.

1ª Noite - Reflexões do professor Paulo Pinheiro Machado

No lançamento da Jornada (02.02), o professor Paulo Pinheiro Machado (PPGH UFSC), hoje uma das maiores referências nos estudos sobre a Guerra do Contestado, relatou como foi o confronto no Taquarussu, destacando os principais personagens que ali estiveram envolvidos. Ele fala a partir das pesquisas realizadas nos documentos oficiais do Exército Brasileiro, no Rio de Janeiro.

2ª Noite - Rede de Educadoras/es Caboclos/as do Contestado

O dia seguinte (03.02) marcou o lançamento da Rede de Educadores Caboclos e Caboclas, unindo professores que levam a cultura e a história do para a sala de aula. Participaram da conversa os professores Eduardo Nascimento, Nilson Cezar Fraga e Rogério Rosa, com a mediação do educador Jilson Carlos Souza.

3ª Noite - Apresentação do Livro de Cordel: A Batalha de Rio das Antas

Na sexta-feira (04.02), aconteceu a apresentação do livro de cordel: “A batalha de Rio das Antas”, escrito pelos estudantes do 8º ano da Rede Pública de Rio das Antas. Os professores Arthur Luiz Peixer (História), Anderson Ferreira (Língua Portuguesa) e Leonardo Guerreiro de Andrade (Artes) contaram como foi a concepção e a produção deste livro que trouxe, além dos textos, fotos dos estudantes recriando a ambientação da guerra.

4ª Noite - Pré lançamento do 2ª Mostra Chica Pelega de Cinema

Sábado foi o dia do pré-lançamento da 2ª Mostra Chica Pelega, que levará cinco filmes sobre o conflito do Contestado aos municípios de Caçador, Curitibanos e Campos Novos, entre o março e abril deste ano. Serão três sessões em cada local, sendo que destas, duas serão destinadas a estudantes das escolas públicas e a sessão noturna será aberta ao público. Sempre no Cine Lumine, que é parceiro da VMS Produções e da Pupilo TV, promotores do evento. A mostra será realizada com recursos provenientes do Governo do Estado de Santa Catarina, através da Lei Aldir Blanc 2021.

5ª Noite - Trovador Pedro Pinheiro apresenta canções do Contestado

Domingo teve cantoria. O trovador de São Miguel do Oeste, professor de história e instrutor de violão popular, Pedro Pinheiro, cantou músicas que fazem referência aos cenários, histórias e personagens do Contestado.

6ª Noite - A Apafec e a defesa da Civilização e da Cultura Cabocla

Na segunda-feira a conversa foi sobre o surgimento da Associação Paulo Freire de Educação e Cultura Popular (APAFEC) e a luta pela terra, pela preservação dos povos originários. Participação da jornalista Claudia Weinman, o professor Jilson Carlos Souza e a Juliana, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que conta sobre o fechamento da Escola Itinerante Estudando e Plantando, no Assentamento São José, em Campos Novos. A escola atende também estudantes do Pinhal Preto e à fazenda vizinha ao Assentamento. Após o relato, Emerson Souza fala sobre a formação da APAFEC e a forma de atuação da associação.

7ª Noite - Professora Karoline fez reflexões sobre Chica Pelega

A última noite da I Jornada Cabocla Chica Pelega aconteceu na terça-feira (08), a Professora Karoline Fin fala sobre o Segundo Massacre na Cidade Santa do Taquarussu do Bonsucesso e o assassinato da heroína Chica Pelega.

 

Quem foi Chica Pelega

Francisca Roberta, identificada como Chica Pelega, ajudava os feridos da guerra, fazia para eles os chás de ervas que os curavam. Esta prática ela aprendeu com o Monge João Maria, a quem seguia. Ela morava com os pais em Limeira (Joaçaba) e ficou assim conhecida por este nome porque, depois de perder o pai, o noivo e a terá onde viviam, por isso, juntou-se aos rebeldes e combateu ao lado dos caboclos, defendendo seu povo, sobrando-lhe de material apenas o pelego do cavalo que ela montava. 

Desta forma, Chica Pelega é transformada através das narrativas populares em um ícone que representa um modelo de conduta e luta de grupos subalternos. A combatente, assassinada em 08 de fevereiro de 1914, no combate do Taquarussu (Fraiburgo), é a síntese da mulher cabocla sertaneja, conhecida como um ser humano comprometido com a luta.

O Conflito do Contestado (1912-1916) aconteceu há 110 anos, sendo uma das maiores lutas de formação territorial da história da humanidade, exterminando mais de 20 mil combatentes, um genocídio dos povos indígena e caboclos (as) por empresas multinacionais com auxílio do exército, da polícia militar e jagunços dos três estados do Sul. 

Na prática, o resultado do Conflito do Contestado foi determinante para a formação do sertão do Meio Oeste Catarinense – Região Vale do Contestado. A desocupação forçada da faixa de terras com 30 (trinta) quilômetros de largura as margens da estrada de ferro pensada para ligar o estado de São Paulo ao Rio Grande do Sul, representou o massacre de um povo.

 

Primeira Jornada Chica Cabocla em números

5.529 visualizações no Facebook;

4.849 comentários, compartilhamento, curtidas e comentários no Facebook;

780 minutos ou 13 horas de material em vídeo e áudio sobre o Contestado;

779 visualizações no Youtube;

410 seguidores na página da Primeira Jornada Cabocla Chica Pelega do Facebook;

91 inscritos no Youtube;

20 convidados/as entre pesquisadoras/es, professoras/es, ativistas;

10 vídeos disponíveis no Youtube;

07 atividades educativas, apresentação de livros, música e cinema.

 

Por Cristina de Marco - jornalista e Jilson Carlos Souza comunicador e educador popular. 


quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

JORNADA CABOCLA CHICA PELEGA: ROMPENDO SILÊNCIOS, DE 02 A 08 DE FEVEREIRO

Por Claudia Weinman.

Programação de 02, 03, 04 e 05 fev..

Quem viu Chica Pelega viu chispas de raio clareando o sertão”. Na letra da canção do historiador Vicente Telles (in memoriam), não morre a Chica Pelega, desassossegada e montada no seu cavalo com facão de pau erguido na mão. Acredita-se que Francisca Roberta era o nome de Chica Pelega, uma jovem liderança cuja memória não deve ser enterrada, permanecendo viva junto a história de mais de 20 mil corpos tombados em uma das maiores guerras de formação territorial da história da humanidade: o genocídio do Contestado, que neste ano de 2022 completa 110 anos. Para evidenciar o Contestado presente nos povos que formam o sertão catarinense, a Jornada Cabocla que leva o nome de Chica Pelega será realizada de 02 a 08 de fevereiro nas plataformas virtuais e vai reunir pesquisadores/as e toda gente que integra o Fórum Regional em Defesa da Civilização e Cultura Cabocla do Contestado, organização essa lançada no município de Fraiburgo/SC em 03 de novembro de 2019.

Programação de 06, 07 e 08 de fev...

As atividades da jornada estavam previstas para acontecerem presencialmente, pelo menos 60% da programação tinha essa característica de diálogo aberto e direto com o público, no entanto, as condições sanitárias de um país que soma 624 mil mortos por Covid-19, com aumento expressivo de casos de pessoas contaminadas neste primeiro mês do ano, especialmente pela nova variante Ômicron, fez com que os/as organizadores/as da jornada direcionassem a programação para o formato virtual.

Assim, a jornada mantém seu calendário e os/as organizadores/as pretendem fazer com que ela aconteça anualmente, para também romper com o silêncio imposto pelo poder público regional sobre a história do contestado, como destaca Jilson Carlos Souza, um dos representantes da coordenação do Fórum Regional em Defesa da Civilização e Cultura Cabocla do Contestado. “Muitas vezes os dois massacres que aconteceram na cidade santa do Taquarussu do Bonsucesso têm caído no esquecimento por força das autoridades, vereadores, prefeitos de Fraiburgo. Eles nunca fizeram questão de mostrar o significado do conflito do Contestado para a formação do povo fraiburguense. Nós temos a responsabilidade de trazer presente”.

 

O Taquarussu que Chica Pelega defendeu

Chica Pelega, assassinada em 08 de fevereiro de 1914, no combate do Taquarussu, atual município de Fraiburgo, é um dos símbolos muito presentes quando se fala em Contestado. É a sintetização da mulher cabocla sertaneja e é conhecida como um ser humano comprometido com a luta. Mulher curandeira, aprendeu com os povos indígenas e São João Maria sobre a utilização das ervas e outras práticas de cura.

Ao carregar um nome como de Chica Pelega, a jornada deve dialogar sobre temas que contextualizem a guerra que ocorreu entre os anos de 1912 a 1916, mas, especialmente, mostre como a prática do extermínio de caboclos, caboclas, dos povos indígenas por empresas multinacionais com auxílio do exército, da polícia militar dos três estados do Sul e jagunços foi determinante para a formação do povo do Meio Oeste Catarinense, as consequências de um massacre e a resistência que até hoje denuncia a invasão do contestado por aqueles que tinham como objetivo a geração de lucro, já que os povos indígenas e caboclos representavam na visão das empresas colonizadoras o “atraso ao progresso”.

Por isso, quando se trata do conflito do Contestado é preciso mencionar que a desocupação forçada da faixa de terras com mais de trinta quilômetros de largura entre os estados do Paraná e Santa Catarina para a construção da estrada de ferro pensada para ligar o estado de São Paulo ao Rio Grande do Sul, representou o massacre de um povo. “A jornada tem como tarefa rememorar, fazer com que os dois massacres do Taquarussu não caiam no esquecimento. Especialmente, trazer presente aquele 08 de fevereiro de 1914 quando Chica Pelega foi assassinada. É importante que a jornada aconteça para dizer que o Contestado está vivo nas várias pessoas que morreram por Covid, pela antipolítica, nos que sentem fome, nos que existem e não se calam, nos meninos e meninas que fazem teatro, nos homens e mulheres que fazem as caminhadas históricas e em todas as ações feitas nessa região. Ninguém vai nos empurrar para baixo do tapete, nos silenciar”, apontou Jilson Carlos Souza.

A presença forte das mulheres na luta do Contestado simboliza, para historiadores, pesquisadores e para caboclos e caboclas, mais um dos motivos do porque as forças políticas regionais desejam esconder a história da guerra. Para o professor da UFSC, Paulo Pinheiro Machado, que abrirá os trabalhos da jornada no dia 02, às 19h, com o tema: “O Reduto do Taquarussu do Bonsucesso na historiografia do Movimento do Contestado”, esse é um debate importante e que reunirá colegas, outros/as pesquisadores/as e gentes das mais diferentes áreas do conhecimento que auxiliam com suas pesquisas, estudos e vivências a entender a história e a sociedade.

Quando se trata do Taquarussu, ele menciona que esse é um tema “caro” para todos/as que estudam o Contestado. “Estamos falando de um pequeno povoado de Taquarussu que, pelos indícios que tenho, naquela região existiam moradores fixos desde 1840, 1850, depois da ocupação indígena que havia naquele território. É uma ocupação cabocla bastante antiga e que tinha como referência principal aquela festa de Bom Jesus, por onde José Maria chegou no município de Curitibanos e começaram todos os incidentes depois”.

Ele explica também que no início do mês de fevereiro de 1914, no segundo ataque ao Taquarussu, (considerando que o povo sertanejo vivia perseguido), mulheres, crianças e idosos ocupavam o território, já que os homens teriam saído para construir um novo reduto. “Esse ataque acabou representando um grande massacre de uma população feminina. Não foi um combate, foi um bombardeio do reduto. Alguns relatos dão conta que no segundo dia, quando a tropa do exército entrou no reduto depois de passar o dia anterior bombardeando com morteiros, peças de artilharia, varrendo o reduto com metralhadoras, todos estavam mortos, calcinados. Era uma confusão de pedaços de corpos de pessoas e animais, uma imagem chocante tal como as guerras do século XX, como o efeito de uma guerra moderna em cima de uma comunidade camponesa. Ali estava Chica Pelega, uma figura feminina que tentou defender sua comunidade”.

Na Taquarussu bombardeada, Jilson Carlos Souza também destaca que Chica Pelega, antes de ser assassinada, teria levado as mulheres e crianças que já haviam sobrevivido ao massacre das metralhadoras e dos canhões do exército brasileiro, da polícia militar de Santa Catarina, Paraná e do Rio Grande do Sul, para dentro de uma igreja. “Em um momento de desespero e tentando preservar a vida das crianças, mulheres e idosos, Chica Pelega conduz o povo para dentro da igreja imaginando que ali ninguém teria coragem de matar. No entanto, atearam fogo na igreja e terminam de assassinar as mulheres e crianças. Esse foi um dos episódios mais sangrentos. Por isso a jornada leva o nome de Chica Pelega”.

Por ser uma jornada em conjunto com organizações sociais que compõe o Fórum Regional em Defesa da Civilização e da Cultura Cabocla, é que Chica Pelega representa também o rompimento do silêncio e da tentativa de apagamento do papel das mulheres lutadoras do Contestado. “Temos um sonho de fazer com que todas as atividades caboclas tenham esse caráter regional, as semanas sejam regionais, estaduais, para fortalecer ainda mais a história do Contestado e os projetos que no presente marcam a resistência cabocla”, finalizou o representante do Fórum.

Saiba mais sobre o Fórum em Defesa da Civilização e da Cultura Cabocla:

http://esportesemdebates.blogspot.com/2019/11/organizacoes-sociais-lancam-o-forum.html