Procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) ainda pede que atleta seja suspensa por seis torneios...
Momento que Carol diz fora Bolsonaro - foto divulgação Globo Esportes |
As repercussões
políticas após a manifestação da jogadora de vôlei Carol Solberg não param de
crescer nas últimas semanas. Em denúncia apresentada ao Superior Tribunal de
Justiça Desportiva (STJD) do vôlei, na última terça-feira, 29 de setembro, a procuradoria
do órgão pede que a jogadora carioca receba penalidade máxima: uma multa de R$
100 mil e suspensão por seis torneios.
Solberg foi
denunciada pela procuradoria do STJD por dizer “Fora, Bolsonaro”, ao finalizar
uma entrevista ao canal SporTV, após ganhar o bronze em uma partida da etapa de
Saquarema (RJ), do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, no domingo (20 de
setembro).
A denúncia cita dois
artigos do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). O primeiro deles, o
artigo 191, trata sobre a penalização do atleta que deixar de cumprir o
regulamento da competição, o segundo, o artigo 258, estabelece penalidade ao
atleta que “assumir qualquer conduta contrária à disciplina ou à ética
desportiva não tipificada pelas demais regras do código”.
Pelo primeiro
artigo, a punição é de até R$ 100 mil. Pelo segundo, suspensão de até seis partidas,
provas ou equivalentes.
Em seu perfil no Instagram,
Solberg, que é filha da ex-jogadora de vôlei Isabel Salgado, se posicionou
novamente. “Falei porque acredito na voz de cada um de nós. Vivemos em uma
democracia e temos o direito de nos manifestar e de gritar nossa indignação com
esse governo”, disse.
Em outro post, Carol questionou o porquê de muitas pessoas acreditarem que esporte e política não podem se misturar. “Quem disse que atleta não pode se manifestar politicamente? Quem disse que esporte é só entretenimento? Estamos ali só para correr atrás de uma bola e vivemos alienados do mundo? O atleta não é um cidadão como outro qualquer? Eu acredito que esporte e política devem andar juntos, simplesmente pelo fato de que é impossível dissociar um do outro”, argumentou.
Repercussão
A fala da atleta
teve grande repercussão nas redes sociais e, no mesmo dia, a Confederação
Brasileira de Vôlei (CBV) emitiu nota repudiando sua postura. Na nota, a CBV
utilizou o termo racista “denegrir” para dizer que a jogadora “manchou a
imagem” da modalidade nacionalmente. Ainda garantiu que tomaria todas as medias
cabíveis para punir a atleta.
A Comissão Nacional
de Atletas de Vôlei de Praia, presidida pelo campeão olímpico Emanuel Rego,
também criticou Solberg, avisando que vai lutar pela proibição de
posicionamentos do tipo.
Emanuel foi
embaixador do Banco do Brasil e secretário especial de Esportes de Alto
Rendimento, do Ministério da Cidadania, do governo de Jair Bolsonaro (sem
partido). Ele foi demitido do cargo em junho deste ano.
Nas redes sociais, perfis extremistas também atacaram Carol Solberg e cobraram que o Banco do Brasil retire o patrocínio a ela. Mas, na verdade, o banco não é o patrocinador da atleta, mas sim do Circuito Brasileiro, pelo qual ela compete.
Fonte: BDF Rio de Janeiro
Edição: Mariana Pitasse e Leandro Melito
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