Um grupo de cerca de
70 torcedores do Corinthians resolveu se reunir na tarde do sábado 09 de maio,
na Avenida Paulista para se manifestar a favor da democracia e contra um grupo
que pedia, entre outras coisas, fechamento do STF e reinstauração do AI-5 no
Brasil. No fim, apenas os corinthianos marcaram presença e registraram o ato.
Formado em sua
maioria por moradores da zona norte de São Paulo e com integrantes da Gaviões
da Fiel, o grupo ressalta que não representa a torcida como instituição.
"Estávamos lá enquanto cidadãos brasileiros que avaliam o momento e têm a
história da Democracia Corinthiana como diretriz. É o mesmo grupo que tem se
reunido para entregar marmitex e cestas básicas", disse Danilo Pássaro, motorista
de aplicativo e estudante de história, um dos líderes da manifestação.
Os corinthianos se
reuniram por volta das 13h30min (de Brasília) no local em que flyers diziam que
seria realizada uma manifestação pró-governo federal. Os manifestantes
bolsonaristas tinham como alvos pontos como o STF, o isolamento social imposto
em São Paulo e o congresso nacional, poupando o presidente Jair Bolsonaro de
qualquer crítica.
"Já há dias
estávamos revoltados com alguns acontecimentos, reivindicações pedindo
ditadura, exaltação à tortura, agressão a profissionais da saúde, repórter e
minimização das nossas mortes. Muitos são da região norte e aqui na Brasilândia
é o bairro com maior registro de óbitos por coronavírus, pessoas próximas de
nós estão morrendo e revolta ver isso se tornar piada", contou Danilo, que
tem 27 anos.
"Um camarada
teve a ideia de fazer uma contraposição e ir no mesmo local e horário pra
mostrar que não aceitaremos calados que continuem praticando o acima
mencionado. Eu tive a ideia de fazer a faixa "Somos Democracia" pra
deixar bem claro nosso objetivo pois não queremos que fosse transformado num
ato de interesse político-partidário", continuou.
Foto Arquivo Pessoal - Corinthianos pela Democracia |
De acordo com o
corinthiano, porém, não houve qualquer embate com os militantes do outro ato.
Apenas cerca de dez pessoas apareceram para a outra manifestação, mas logo se
dispersaram ao ver que não havia engajamento.
A ação chamou a
atenção na internet e já houve contatos de torcedores de outros times
interessados em participar de atos futuros. A reunião do último sábado, porém,
foi 100% corinthiana.
Isolamento
social
Danilo ainda
explicou que todos os torcedores têm ciência da necessidade de isolamento
social para combater a pandemia da Covid-19, mas consideraram o momento
político como o um risco que pedia uma manifestação presencial.
"Avaliamos que
o país passa por uma escalada autoritária, o governo mostra o interesse de
implementar sua ditadura. Mesmo conscientes da importância do isolamento
social, consideramos que hoje impedir o avanço de uma nova ditadura faz parte
dos serviços essenciais", detalhou Danilo.
O profissional ainda
ressaltou que não houve abordagem policial ou repressão pela aglomeração. As
críticas só apareceram nas redes sociais. "Quando assumimos risco para
fazer ações solidárias é lindo. Mas, quando assumimos o risco para impedir uma
manifestação em favor da ditadura, é irresponsabilidade", ironizou, antes
de finalizar.
"A realidade é
que o governo não garantiu nenhuma política de proteção social e está fazendo a
gente furar a quarentena pelo sufocamento financeiro", concluiu.
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