Em meio à pandemia
de Covid-19 chama atenção o surgimento de uma segunda mazela: a desinfodemia. O
termo foi cunhado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência
e a Cultura (Unesco), e é definido como "desinformação básica sobre a
doença de Covid-19". A ONU considera as fake news sobre o novo coronavírus
“mais mortais que qualquer outra desinformação”. Para o especialistas, diante
do cenário atual, o acesso a informação confiável pode significar a vida ou a
morte em tempos de coronavírus.Continua depois da publicidade
Segundo a pesquisa
publicada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em parceria com o
International Center for Journalists (ICFJ), o principal tema da desinfodemia
está relacionado à origem e à disseminação do novo coronavírus. Enquanto
cientistas identificaram o primeiro caso da Covid-19 ligado a um mercado de
animais na cidade chinesa de Wuhan, teorias da conspiração acusam outros
atores. Isso vai desde culpar as redes 5G até responsabilizar os fabricantes de
armas químicas.
Outras fake news
recorrentes estão relacionadas aos sintomas, diagnóstico e tratamento do vírus,
estatísticas falsas, os impactos na sociedade e no meio ambiente, e sobre a
repercussão econômica causada pela pandemia. “Esse último tema inclui a
divulgação de informações falsas sobre os impactos da pandemia na economia e
saúde, sugestões de que o isolamento social não é economicamente justificado e
a afirmação de que a Covid-19 está criando
empregos”, detalha o estudo.
O estudo é assinado
por Julie Posetti, diretora global de pesquisa do ICFJ e pesquisadora sênior do
Centro de Liberdade de Mídia da Universidade de Sheffield (CFOM) e Universidade
de Oxford. O relatório foi dividido em duas partes. Na primeira, foram
identificados nove temas diferentes da desinfodemia e quatro formatos típicos.
Na segunda parte,
são analisados 10 métodos de resposta à crise que estão sendo colocados em
prática contra a desinformação do novo coronavírus em todo o mundo.
“Nesta publicação, a
Unesco procura lançar luz sobre os desafios e oportunidades associadas à
necessidade urgente de ‘achatar a curva’ da desinfodemia e oferecer possíveis
opções de ação”, diz a apresentação do estudo. Para os pesquisadores, a
"carga viral" das fake news só aumentará se o jornalismo continuar
sofrendo ataques.
Para o
secretário-geral da ONU, António Guterres, o jornalismo é essencial para ajudar
a neutralizar os danos causados pelo que classifica como "pandemia da
desinformação". Em um vídeo veiculado por ocasião do Dia Mundial da
Liberdade de Imprensa no dia 3 de maio, o mandatário defendeu o segmento,
destacando-o como crucial para a tomada de "decisões fundamentadas",
no âmbito do combate à Covid-19.
Segundo Guterres, a
desinformação generalizada tem abrangido "desde conselhos prejudiciais à
saúde até ferozes teorias de conspiração". Ele avalia que, apesar das
"notícias e análises verificadas, científicas e baseadas em fatos",
que fazem com que a imprensa desempenhe um papel imprescindível na atualidade,
os jornalistas têm sofrido cerceamento no exercício de suas funções.
Métodos
e fakes
A desinformação
sobre a Covid-19 emprega, ainda, uma ampla variedade de configurações, desde
memes até sites elaborados e campanhas orquestradas. "Esses formatos
frequentemente infiltram mentiras na consciência das pessoas, apelando para
crenças e não para a razão e para os sentimentos, em vez da dedução”, diz
Posetti.
Um mapeamento feito
pelo Instituto Reuters e pela Universidade de Oxford detalhou alguns dos
principais tipos, fontes e reivindicações de desinformação sobre a pandemia.
Quase 70% das informações divulgadas sobre a Covid-19 tinham como fonte
principal influenciadores digitais, incluindo políticos, celebridades e figuras
públicas e redes sociais. Desse total,
20% das informações eram fake news.
Os dados demonstram
que 59% das postagens do Twitter foram classificadas como falsas, mas mesmo
assim permanecem em alta. No YouTube, 27% permanecem ativos e no Facebook, 24%
do conteúdo com classificação falsa continuam na timeline sem rótulos de aviso.
Os verificadores
analisaram uma amostra de 225 “informações” classificadas como falsas ou
enganosas publicadas em inglês entre janeiro e o final de março de 2020. O
estudo foi divulgado no dia 7 de abril.
Checagem
dos fatos
No Brasil, o
Ministério da Saúde criou uma página especial para combater fake news sobre a
Covid-19. A pasta disponibilizou um número de WhatsApp (61-99289-4640), para
que a população envie fatos duvidosos veiculados nas mídias sociais e
aplicativos de mensagens, para serem checados por uma equipe técnica do
ministério.
No site, as
informações são classificadas em duas listas, de acordo com os selos “Isto é
fake news” ou “Esta notícia é verdadeira”. Também são reunidos dados sobre
prevenção, transmissão do vírus e atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS)
e é possível acessar um podcast sobre a pandemia, produzido pelo próprio
ministério.
No DF, a Secretaria
de saúde também disponibilizou um número de WhatsApp para envio de mensagens da
população. O serviço funciona como um espaço exclusivo para atendimento a
profissionais e população em casos de dúvidas e notificações dos casos
suspeitos de coronavírus. Basta mandar uma mensagem para o número (61)
99221-9439.
O Correio também tem
um núcleo de checagem de fatos. O Holofote é o primeiro site dessa natureza no
Distrito Federal. Em caso de dúvida sobre a veracidade de uma notícia é
possível entrar em contato com a equipe no número de WhatsApp (61) 99555-2589
ou no e-mail holofote.df@dabr.com.br.
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